sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Ney Matogrosso


Já Te Falei
Ney Matogrosso
Composição: Arnaldo Antunes, Marisa Monte, Dadi Carvalho, Carlinhos Brown

Já te falei
Ouvi dizer por aí
Já gritei, telefonei, cantei por toda a cidade
Pelo beco, pelo meio da avenida central, no jardim
Já divulguei
Anunciei por aí
Por e-mail, por correio veio toda a verdade
Já mandei no megafone
Pra toda gente escutar
Notícia que se espalha
Paira em qualquer lugar
Li no outdoor, pus na canção, deu no cinema
Que a vida vale a pena
Na matinê, no botequim, na madrugada
Vida que vale a pena

Já escutei
E repeti por aí
Coloquei cartazes nos murais de toda a cidade
Já berrei no microfone a todo volume no ar
Palavra que se espalha
Pluma no vendaval
Vi no gibi, foi por aí, li num poema
Que a vida vale a pena
Li no jornal, vi na tv, foi pela antena
Que a vida vale a pena
No futebol, no carnaval, na batucada
Vida que vale a pena

terça-feira, 26 de agosto de 2008

100 Livros do Século XX

. A Interpretação dos Sonhos, Sigmund Freud
. Três Irmãs, Anton Tchekcov
. A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson pela Suécia, Selma Lagerlöf
. O Pequeno Nemo no Reino dos Sonhos, Winsor McCay
. Tratado da Radioactividade, Marie Curie
. Em Busca do Tempo Perdido, Marcel Proust
. Platero e Eu, Juan Jiménez
. Curso de Linguística Geral, Ferdinand de Saussure
. A Casa e o Mundo, Rabindranath Tagore
. Cantos, Erza Pound
. Chéri, S. G. Colette
. Clepsydra, Camilo Pessanha
. Seis Personagens à Procura de Autor, Luigi Pirandello
. O Significado da Relatividade, Albert Einstein
. A Terra Sem Vida, T. S. Eliot
. Ulysses, James Joyce
. Tractatus Logico-Philosophicus, Ludwig Wittgenstein
. Sonetos a Orfeu, Rainer Maria Rilke
. Manifesto do Surrealismo, André Breton
. A Montanha Mágica, Thomas Mann
. Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, Pablo Neruda
. A Minha Luta, Adolf Hitler
. O Processo, Franz Kafka
. O Assassínio de Roger Ackroyd, Agatha Christie
. O Ser e o Tempo, Martin Heidegger
. Romanceiro Cigano, Frederico García Lorca
. O Som e a Fúria, William Faulkner
. Tintin no País dos Sovietes, Hergé
. O Homem sem Qualidades, Robert Musil
. As Ondas, Virginia Woolf
. Viagem ao Fim da Noite, Ferdinand Céline
. Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley
. A Condição Humana, André Malraux
. Um Estudo da História, Arnold Toynbee
. Poemas, Konstandinos Kavafis
. Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, John Keynes
. E Tudo o Vento Levou, Margaret Mitchell
. África Minha, Karen Blixen
. Mãe Coragem e os Seus Filhos, Bertolt Brecht
. À Beira do Abismo, Raymond Chandler
. As Vinhas da Ira, John Steinbeck
. Por Quem os Sinos Dobram, Ernest Hemingway
. Sentimento do Mundo, Carlos Drummond de Andrade
. O Estrangeiro, Albert Camus
. A Família de Pascual Duarte, Camilo José Cela
. O Principezinho, Saint-Exupéry
. O Ser e o Nada, Jean Paul Sartre
. Poesia, Sophia de Mello Breyner Andresen
. Ficções, Jorge Luís Borges
. A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos, Karl Popper
. O Livro do Senso Comum de como Cuidar de Bebés e Crianças, Benjamin Spock
. O Diário de Anne Frank, Anne Frank
. Debaixo do Vulcão, Malcom Lowry
. As Mãos e os Frutos, Eugénio de Andrade
. O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir
. Confissões de Uma Máscara, Yukio Mishima
. 1984, George Orwell
. Memórias de Adriano, Marguerite Yourcenar
. À Espera de Godot, Samuel Beckett
. O Ofício de Viver, Cesare Pavese
. A Cantora Careca, Eugène Ionesco
. A Sibila, Agustina Bessa-Luís
. Lolita, Vladimir Nabokov
. Grande Sertão: Veredas, João Guimarães Rosa
. Trilogia do Cairo, Naguib Mahfouzl
. Pela Estrada Fora, Jack Kerouac
. Gabriela, Cravo e Canela, Jorge Amado
. A Região Mais Transparente, Carlos Fuentes
. O Quarteto de Alexandria, Lawrence Durrell
. Astérix, o Gaulês, René Goscinny
. A Colher na Boca, Herberto Helder
. Trópico de Câncer, Henry Miller
. O Espião Que Saiu do Frio, John Le Carré
. A Rosa de Ninguém, Paul Celan
. Negritude e Humanismo, Léopold Senghor
. Ensaios Críticos, Roland Barthes
. As Palavras e as Coisas, Michel Foucault
. Citações do Presidente Mao Zedong, Mao Zedong
. A Escrita e a Diferença, Jacques Derrida
. Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez
. A Balada do Mar Salgado, Hugo Pratt
. A Política do Êxtase, Timothy Leary
. Casais, John Updike
. A Dupla Hélice, James Watson
. Arquipélago de Gulag, Aleksandr Soljenitsin
. Portugal e o Futuro, António de Spínola
. Relatório Sobre a Sexualidade Feminina, Shere Hite
. A Condição Pós-Moderna, Jean François Lyotard
. Sinais de Fogo, Jorge de Sena
. O Nome da Rosa, Umberto Eco
. Livro do Desassossego, Fernando Pessoa
. Memorial do Convento, José Saramago
. Para Sempre, Vergílio Ferreira
. A Insustentável Leveza do Ser, Milan Kundera
. O Amante, Marguerite Duras
. Menos Que Zero, Brett Easton Ellis
. Breve História do Tempo, Stephen W. Hawking
. Os Versículos Satânicos, Salman Rushdie
. Ao Amigo Que Não Me Salvou a Vida, Hervé Guibert
. Toda a Internet: Guia do Utilizador e Catálogo, Ed Krol

By Fernando Pinto do Amaral

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sugestão de leitura





«O Mensageiro e Outras Histórias com Anjos»

Teolinda Gersão

Dom Quixote


A morte, o amor, a revelação: situações limite atravessadas por figuras de anjos. Três histórias acerca da descoberta do humano.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Memórias de um concerto

Algo que aconteceu há algum tempo, memória registada num certo caderno e agora transcrita.





CCB, 26.09.2003, 21h


Mais um concerto dos Madredeus. Belo como sempre e, como sempre diferente.
Durante cerca de duas horas foi a única Verdade. Nada mais interessou. Após o segundo encore, quão difícil foi dar importância a tudo o resto! Mas eis que, a pouco e pouco, com uma dificuldade decrescente, o "resto" vai reconquistando o seu lugar. Até ao próximo concerto.
E assim continuo em Movimento reticente...
Bem hajam!

Actualidade

Para onde correm as pessoas? Porquê? Não saberão que a vida sairá sempre vitoriosa?

Vivamos então!!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Citando António Lobo Antunes

«Há momentos e situações em que o olhar comunica mais que as palavras, isso também é intimidade. Creio que sou capaz de dizer muitas cosas sem falar, é o outro que também tem de compreender e de saber interpretar. Quando se estabelece essa relação de intimidade e de amizade, não é necessário falar. [...] frequentemente é melhor não o fazer porque as palavras estão muito gastas.»

in "Conversas com António Lobo Antunes", de María Luisa Blanco, 2002

Haruki Murakami


«Fui até ao jardim, levantei a tampa do poço e espreitei. Lá dentro reinavam as mesmas trevas profundas de sempre. Conhecia agora muito bem o poço, como se fosse uma extensão do meu próprio corpo: a sua escuridão, o seu cheiro, o seu silêncio haviam-se convertido numa parte de mim. Num certo sentido, conhecia melhor o poço do que conhecia Kumiko. Era evidente que bastava fechar os olhos para me recordar dela, de cada pormenor do seu rosto, do seu corpo, para trazer à memória os seus gestos, a sua maneira de andar. Tinha vivido seis anos com ela na mesma casa. Ao mesmo tempo, porém, tinha a sensação de que havia coisas que diziam respeito a Kumiko que era incapaz de recordar com nitidez. Ou, se calhar, não estava assim tão certo das minhas recordações.

(...) Passava das onze quando, não arranjando mais nada em que pensar, desci pela escada até ao fundo do poço. Como de costume, enchi os pulmões de ar, para verificar a atmosfera: era a mesma de sempre, cheirava a mofo, mas dava para respirar. Às apalpadelas, pus-me a procurar o taco que tinha deixado encostado à parede. O taco não estava lá. O taco não estava em lado nenhum. Tinha desaparecido sem deixar rasto.

Sentei-me no chão, no fundo do poço, e encostei-me à parede. Suspirei várias vezes. Eram uns suspiros vazios, sem ponta de esperança, como o vento que sopra caprichosamente atravessando por entre vales áridos e sem nome. Depois de ter suspirado tudo, esfreguei as bochechas com ambas as mãos. Quem poderia ter levado dali o taco? Canela? Era a única possibilidade que me vinha à ideia. Mais ninguém sabia da sua existência, e só ele poderia descer ao fundo do poço. Por que carga de água se lembraria Canela de levar o meu taco? Decididamente, era uma coisa que não conseguia compreender - melhor dizendo, era apenas uma das muitas coisas que eu não conseguia compreender.

Não tinha outro remédio senão passar sem o taco. Não havia de ser nada. Vendo bem, o taco não passava de uma espécie de talismã protector. Mesmo sem ele, de certeza que ia correr tudo bem. "Da primeira vez também não tive problema nenhum para chegar até aquele quarto quarto sem levar protecção, pois não?", pensei para comigo mesmo. Depois de me convencer a mim mesmo, puxei a corda e fechei a tampa do poço. A seguir entrelacei os dedos das mãos em torno dos joelhos e fechei lentamente os olhos no meio da escuridão profunda.»

in "A Crónica do Pássaro de Corda"

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Fernando Pessoa


[...]

Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consanguinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contactos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cómoda e feliz.

Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.

[...]

Passagem das Horas (excerto), Álvaro de Campos

Edward Hopper

"The Lee Shore" 1941
Da janela via-se o mar. Parecia que, a qualquer momento, poderia entrar pela janela e sentar-se ao meu lado no sofá da sala.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Vergílio Ferreira


«A arte nasce de uma solidão e dirige-se a outra solidão».


Lula Pena

Lula Pena nasceu em Lisboa e aprendeu a tocar sozinha guitarra enquanto ouvia pop, rock, soul, jazz e música portuguesa. Aos 22 anos foi viver para Barcelona, Espanha, onde tocou em alguns bares de jazz. O primeiro álbum, Phados, foi realizado pela editora belga Carbon 7, em 1998. O disco contém versões de músicos como Caetano Veloso, Chico Buarque e fados de Amália Rodrigues.

Alinhamento:

01. Os Argonautas
02. Senhora do Almortão + As 7 Mulheres do Minho
03. O Meu Amor
04. Perdidamente
05. Rua do Capelão
06. O Quereres
07. Fria Claridade
08. Fado Malhoa
09. Joana Francesa
10. Teresinha
11. Sodade + Rosinha dos Limões
12. Não + Amar
13. Gaivota

Vale a pena!!! Mesmo. Sempre.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

...

«A pintura é uma gravação da emoção»

By Edward Hopper

Quarto com vista

Edward Hopper - Rooms by the Sea, 1951, Yale University Art Gallery

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Memórias de um concerto

Entrei na sala e sentei-me. Fiquei à espera, ansioso por que entrasses e sorrisses, bonita, vestida de candura e simplicidade. Tentei concentrar-me e memorizar cada momento, guardá-lo no meu íntimo para o poder visitar quando desejar. É o que faço neste momento: fecho os olhos, vejo-te e ouço a tua voz.

A minha alma cresceu ao ouvir o teu canto e agora, ao olhar o mar é a ti que eu vejo, mesmo sem te procurar. Gostava de nas minhas horas, poder olhar-te de relance, apenas o tempo suficiente para olhar e sentir o que não se vê.