Teatro Ibérico, Lisboa
Os renovados Madredeus regressaram ao Teatro Ibérico para a apresentação do novo CD, Metafonia. A curiosidade de ver a apresentação ao vivo era muita. Nova formação, novos instrumentos, novas vozes. A (ainda) falta de certezas quanto à nova formação, sonoridade e, acima de tudo, ausência da Teresa Salgueiro em palco, provocaram algum receio e ansiedade…
Mas o recital na antiga igreja foi uma grande e reconfortante surpresa. A dupla Pedro Ayres Magalhães e Carlos Maria Trindade (autores e compositores da totalidade das canções apresentadas) surpreendeu e foi agraciada com entusiásticas salvas de palmas no momento das apresentações dos músicos.
Ao vivo, as músicas ganharam uma nova alma (para a qual o local de apresentação não foi alheio) e apaziguaram os maiores receios da sala. Excelente concerto.
O alinhamento apresentado incluiu não só a totalidade das canções do CD (19), mas também algumas surpresas adicionais, novas versões de músicas (4) da anterior fase do grupo, bem como 2 originais.
Referências especiais às interpretações de Uma caipirinha, Inventar (meditar no contratempo), A comunhão das vozes e A estrada da montanha. No que se refere aos clássicos, as versões de O paraíso, O mar e Na estrada de Santiago (esta última foi uma das surpresas não incluídas no CD), foram as que acolheram os aplausos mais entusiásticos do público. As novas cantoras, Rita Damásio e Mariana Abrunheiro, provaram que mereceram ser as “escolhidas” para substituir a Teresa Salgueiro. Com efeito, têm vozes dignas de interpretar os poemas do Pedro e do Carlos.
A Rita Damásio tem carisma, postura elegante e personalidade em palco (sem ser esse o objectivo, nalguns momentos fazia lembrar a Teresa).
Em relação à Mariana Abrunheiro, e não obstante a sua excelente voz, esteva completamente desajustada do grupo e do local. Sem qualquer noção de espaço, raras vezes se posicionou onde devia, causando instabilidade na sala e desequilíbrio na harmonia do palco. Intimidou as primeiras filas (a qualquer momento poderia saltar para a plateia) e adoptou uma postura exageradamente trágica na interpretação das canções, desviando as atenções do essencial. Talvez a sua postura seja influenciada pela sua formação em canto lírico, mas necessita de moderar aqueles ímpetos próprios de uma ópera…
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