sexta-feira, 31 de julho de 2009

Há 65 anos...

A 31 de Julho de 1944, os radares perderam o rasto de um dos seus aviões Lightning P38 no Mediterrâneo, pilotado por Antoine de Saint-Exupéry.

Apesar de já terem passado 65 anos, apenas no ano passado se soube o que aconteceu naquele dia. Horst Rippert, um piloto alemão de 88 anos, abateu o avião do piloto e escritor.

Saint-Exupéry (1900-1944) deixou obras como "Voo Nocturno", "A Cidadela", "Terra dos Homens" e "O Principezinho”.

Nascido a 29 de Junho de 1900, em Lyon, Saint-Exupery fez o serviço militar em Estrasburgo, foi repórter na Guerra Civil Espanhola em 1937 e, dois anos depois, mobilizado como capitão. Desmobilizado, voltará à aviação anos depois, e, em 1944, o avião que pilotava caiu no mar. Começava a lenda.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Man Booker Prize 2009

São treze os romances escolhidos pelo júri do Man Booker Prize. Aqui fica a lista ("longlist"):

“The Children’s Book”, de AS Byatt
“Summertime”, de JM Coetzee
“The Quickening Maze”, de Adam Foulds
“How to paint a dead man”, de Sarah Hall
“The Wilderness”, de Samantha Harvey
“Me Cheeta”, de James Lever
“Wolf Hall”, de Hilary Mantel
“The Glass Room”, de Simon Mawer
“Not Untrue & Not Unkind”, de Ed O’Loughlin
“Heliopolis”, de James Scudamore
“Brooklyn”, de Colm Tóibín
“Love and Summer”, de William Trevor
“The Little Stranger”, de Sarah Waters

A “shortist” será anunciada no dia 8 de Setembro.

Século XX, algures nos anos 90

Mais uma crónica do António Lobo Antunes. Excelente, como sempre. Ora leiam.
Aos domingos a seguir ao almoço visto o fato de treino roxo e verde e os sapatos de ténis azuis, a Fernanda veste o fato de treino roxo e verde e os sapatos de salto alto do casamento, subo o fecho éclair até ao pescoço e ponho o fio de ouro com a medalha por fora, a Fernanda sobe o fecho éclair até ao pescoço e põe os dois fios de ouro com a medalha e o colar da madrinha por fora, tiramos o Roberto Carlos do berço, metemos-lhe o laço de cetim branco na cabeça, saímos de Alverca, apanhamos os meus sogros em Santa Iria de Azóia e passamos o domingo no Centro Comercial.

A Fernanda senta-se atrás no Seat Ibiza, com o menino e a Dona Cinda, o senhor Borges ocupa o lugar ao meu lado, de Record no sovaco, fato completo, gravata de flores prateadas e chapéu tirolês, ajuda-me no estacionamento das Amoreiras a tirar o carrinho da mala e todos os automóveis do parque são Seat Ibiza, todos têm mantas alentejanas nos bancos, todos apresentam um autocolante no vidro que diz: Não me siga que eu ando perdido, todos possuem uma rodela Vida Curta no guarda-lamas direito e uma rodela Vida Longa no guarda-lamas esquerdo, de todos os espelhos retrovisores se pendura o mesmo boneco de peluche, todos exibem junto à matrícula com o círculo de estrelinhas da Europa a mesma rapariga de Stetson e cabelo comprido, todos trouxeram o Record, os sogros e o filho, todos devem habitar em Alverca e todos circulam a tarde inteira no Centro de forma idêntica à nossa: adiante a Fernanda e a Dona Cinda, de raposas acrílicas, a coxear por causa de uma unha encravada, empurrando o Roberto Carlos que esperneia, desfeito num berreiro, com a chupeta pendurada na nuca por uma corrente, e o Senhor Borges e eu vinte metros atrás, preocupados com a carreira do Olivais e Moscavide que perdeu em Alhandra apesar de ter comprado um avançado cabo-verdiano ao Arrentela e que em vez de jogar à bola leva as noites a mariscar tremoços na cervejaria, de brinco na orelha, no meio dos amigos pretos, com o tampo da mesa coberto de canecas vazias.

Como a Fernanda e a Dona Cinda param em todas as montras de móveis e boutiques a bisbilhotarem quinanes e kispos, acontece enganar-me e trocá-las por outra sogra acrílica, outra mulher roxa e verde e outra criança de laço, e sucede-me passar horas num banco, sem dar pela diferença, com uma Fátima e uma Dona Beta, a planear as prestações de um microondas e de um frigorífico novo, seguir para Alverca, jantar o frango da Casa de Pasto e a garrafa de Sagres do costume, e só na terça-feira, quando vou a sair para a Junta, a minha esposa informa, envergonhada, que mora em Loures ou na Bobadela, o Roberto Carlos se chama Bruno Miguel, e deu pelo engano, há cinco minutos, porque a minha Última Ceia é de estanho e a dela é de bronze. Claro que corrigimos o erro no domingo seguinte, em que volto para casa com uma Celeste e um Marco Paulo no Seat, a que juntei (será o meu Seat Ibiza?) um autocolante que deseja: espero não te conhecer por acidente.

Esta semana a minha mulher chama-se Milá, o meu filho Jorge Fernando e ando a pagar um apartamento em Rio de Mouro. Como esta sempre cozinha melhor que as outras não faço tenções de voltar às Amoreiras. Se ela gostar de telenovelas só tornamos a sair daqui a muitos anos, quando o miúdo usar um fato de treino roxo e verde, e eu encontrar no armário do quarto um casaco de raposas acrílicas e um chapéu tirolês, e escutar lá em baixo a seguir ao almoço, a buzina do Seat Ibiza da minha nora. Como nessa altura devo andar a dieta de sal por causa da tensão qualquer peixe grelhado me serve.

by António Lobo Antunes

O mar lá ao fundo

Ela acorda numa casa vazia, levanta-se devagar, porque também o seu dia é longo e por nenhuma coisa preenchido. Sua vida quebrada ao meio. O homem que ela amava estava morto, e não seria jamais seu filho. Seu ventre enorme vagueando pela ca­sa. O estirador vazio, o trabalho abandonado. As faces pálidas, olheiras fundas, todos os graus do cansaço — é preciso descan­sar, diziam. Um filho esperando no escuro pela sua hora de nas­cer. A cama desfeita, um rosto, uma boca tão perto que não saberia exactamente o momento em que ele começara a beijá-la, a quentura de um corpo, o amor nos dias claros, luz agressiva re­cortando ferozmente os objectos, palavras abertas, como gritos, ele desmanchando-lhe os cabelos, os olhos, os braços, a boca, ela sendo arrastada, apenas arrastada, é uma viagem sem regresso, soube, e aquela ansiedade que não iria acabar depois nunca, fora entre as árvores passos caminhando, um corpo, a luz esbatida entre as folhas e o cheiro inquietante dos loendros, sobre a mi­nha cabeça um qualquer voo, a sugestão adivinhada de um voo, mas não é possível nunca ter certezas, se eu for ver à janela co­meçarei a duvidar, e no entanto o som dos passos é cada vez mais perto, se eu não abrir os olhos nunca alguém acabará por abrir aquela porta, mas quando eu for ver terá sido apenas o vento, e no entanto os passos são audíveis, fora entre as árvores, indo e vindo e agora outra vez mais longe, recuando para dentro da sombra, e se eu for ver é só o céu, o vento, as folhas oscilantes das árvores, senta-se diante do estirador e continua a desenhar as casas, mas o lápis salta sobre a régua, a folha de papel resvala de repente, as suas mãos não têm força e os olhos não vêem nítido, uma pausa para preparar um café quente na cozinha, regressa com a chávena e olha o prédio fronteiro, levantando a cortina, no décimo andar há uma árvore pintada a branco no vidro, no séti­mo andar uma criada lava a janela com um pano verde enrolado em volta da vassoura, estende o braço a toda a largura do caixi­lho e alcança a custo a outra parte da vidraça, no décimo andar e no décimo primeiro e de súbito em quase todos os outros havia criadas lavando as janelas com vassouras, não sabiam certamente [...]

Teolinda Gersão, “Paisagem com Mulher e Mar ao Fundo” (excerto)

quarta-feira, 29 de julho de 2009

"Dançar é amar na vertical"

O segundo disco de João Coração, «Muda que Muda», é um tratado pop a roçar o kitsch.

São 9 canções, 5 das quais são extraordinárias. O meu destaque vai para “Canção para ficar”.

Mas há também “Passo a passo”, que é claramente uma versão caseira de Gainsbourg: guitarrasita acústica, um órgãozinho, piano… e uma voz feminina no refrão, acerca da qual João Bonifácio disse que menos é mais, mal feito é bem feito, no erro é que se acerta.

Fernando Pessoa disse em relação à Coca-Cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se. Acontece o mesmo com as músicas do João Coração.
.
Aqui fica a letra de “Canção para ficar”:

Nada do que sugeriste foi mais do que eu quero, dançar um bolero,
Esta canção que parecia que ia acabar
Que acaba com um filme
Mas é a canção de ficar, quase de embalar
Não valerá o trabalho de querer resistir
O que é esguio é para agarrar
E terás em cima de ti toda essa água
Toda essa água que cai

Dançar é amar na vertical,
perder com nobreza é empatar
Só um de nos poderá sair
Em primeiro lugar

Não escolherei um outro par para a última dança
Dançar um adeus
E quando sair, nos meus olhos terás de aceitar que a banda continua
E escolherás outro par quase a baloiçar
Nunca a razão da traição sairá ganhadora
Ou não seria chamada traição
E todos os passos que deres
Será devagar se desviar o olhar

Dançar é amar na vertical,
perder com nobreza é empatar
Só um de nos poderá sair
Em primeiro lugar

CNB temporada 2009 - 2010

Mote:

Preservar a sua identidade, inscrever-se no mundo de hoje e projectar o futuro, são as linhas programáticas com que a CNB se apresenta nesta nova temporada.

Levar a Dança a todo o país, é reafirmar a sua descentralização. Convidar outras companhias é partilhar a emoção de outras formas de estar na dança.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

RIP Merce Cunningham

Merce Cunningham
1919 - 2009

A dança volta a ficar mais pobre. Pouco depois de Pina Bausch, foi a vez de Merce Cunningham.
Aqui fica um texto seu do qual gosto bastante e que já tive oportunidade de publicar anteriormente.
"Yes it's difficult to talk about dance. It’s not so much intangible as evanescent. I compare ideas on dance, and dance itself, to water. Surely, describing a book is certainly easier than describing water. Well, maybe… everyone knows what water is or what dance is, but this very fluidity makes tem intangible."
Reacções nacionais:
João Fiadeiro: "Foi o maior coreógrafo do século XX". "Foi um artista absolutamente central" na criação contemporânea, ao lado de John Cage na música e de Marcel Duchamp na pintura. Para Fiadeiro, estes três criadores constituem "um triângulo genial".

Rui Horta: Cunningham "foi um grande pioneiro do pós-modernismo e reposicionou o papel do corpo na dança. É uma grande perda para a dança". "É uma personagem incontornável da dança do século XX, como Bausch, Brown e Forsythe".

Olga Roriz: "uma figura incontornável na história da dança. Ensinou-nos um novo método de trabalho, uma nova maneira de ver, criar e viver a dança". "Foi um pedagogo e professor, deixou-nos a sua técnica, além da linguagem e tudo o que experimentou".

Chapéus há muitos


Depósito legal molhado

Ainda que pareça uma instalação, não se trata de tal.

Tratam-se apenas de alguns livros do depósito legal da Biblioteca Nacional que sofreram uma inundação e que estão a secar.

Consta, no entanto, que a BN já recebeu três chamadas do director do MoMA (Museum of Modern Art), dois faxes do Guggenheim Bilbao e quatro e-mails de Serralves.

Que o Diabo Leve a Mosca Azul

Diz-se que o livro foi escrito ao som das Variações Goldberg de Bach. Parece que a música deixou reflexos no texto.

Trata-se de uma viagem ao que mais obscuro da mente humana: alguém que se entrega apaixonadamente à criação e com a mesma alegria feroz à destruição; uma personagem que está sozinha do princípio ao fim (como todos nós??) e se entrega a uma dança feroz consigo mesma, uma dança de morte.

Quando um jornalista confidenciou ao autor que ficou aterrorizado ao ler uma passagem do livro, Bardin disse que lhe acontecia o mesmo sempre que o relia…

Como observou Patricia Highsmith: Todos nós, nalguma altura da vida, conhecemos estes sentimentos , mas damos um passo atrás, e não nos atrevemos a pensar no que teria acontecido se não o fizéssemos; os que conseguirem ler este romance não o esquecerão tão cedo (...).

Que o Diabo Leve a Mosca Azul
John Franklin Bardin,
Relógio D'Água, 2009
Prefácio de Ana Teresa Pereira
Tradução de Carlos Correia Monteiro de Oliveira
Capa de Carlos César sobre gravura de Peter Maynard

Graça







Exposição
Início: Sábado, 18 de Julho de 2009 às 18:00
Fim: Domingo, 11 de Outubro de 2009 às 18:00
Local: Casa Municipal da Cultura de Cantanhede
Largo Cândido dos Reis, 2
Cantanhede, Portugal

Escrever

«Só escrevo quando estou triste, mas é uma tristeza boa, uma fuga para a frente e uma ponte com o meu passado. Sempre presente.»

Mia Couto aquando do lançamento do último livro, «Jesusalém»

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Está dito

"Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente, e pela mesma razão"

Eça de Queiroz

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sugestão

Do recheado cartaz do Cascais CoolJazz 2009, a minha escolha vai para Lisa Ekdahl, dia 23, já na próxima 5ª feira. Oportunidade que não deve ser perdida.
Negrito
Lisa Ekdahl é considerada uma das mais talentosas songwriters da Suécia, e dona de uma das mais encantadoras vozes da actualidade. Influenciada por sonoridades que vão do smooth jazz, à Bossa Nova e à Pop, Lisa encontra nos ambientes acústicos o conforto predilecto para a composição.

Data: 23/07/2009
Horas: 22h00
Local: Parque Marechal Carmona (Gandarinha) – Cascais
Cascais CoolJazz 2009

sábado, 18 de julho de 2009

As mais belas bibliotecas do Ocidente

As mais belas bibliotecas do Ocidente encontram-se em exposição na Biblioteca Nacional de Paris. Podem ser espreitadas aqui :-)

domingo, 12 de julho de 2009

...

"Esse amor
Tão violento
Tão frágil
Tão terno
Tão desesperado
Esse amor
Belo como o dia
E mau como o tempo
Quando o tempo está mau
Esse amor
Tão verdadeiro
Esse amor tão belo
Tão feliz
Tão jovial
E tão irrisório
A tremer de medo como uma criança no escuro
tão seguro de si
Como um homem sereno em plena noite
Esse amor que assustava os outros
Que os fazia comentar
Que os fazia empalidecer
Esse amor vigiado
Porque nós o vigiávamos
Perseguido ferido espezinhado consumado negado esquecido
Porque nós o perseguimos ferimos espezinhámos consumámos negámos esquecemos
Esse amor íntegro
Ainda tão vivo
E ainda tão resplandecente
É o teu
É o meu
Aquele que foi
Essa coisa sempre nova
E que não mudou
Tão verdadeira como uma planta
Tão trémula como um pássaro
Tão quente e palpitante como o Verão
Podemos tu e eu
Partir e voltar
Podemos esquecer
E adormecer
Acordar sofrer envelhecer
E voltar a adormecer
Sonhar com a morte
Acordar sorrir e rir
E rejuvenescer
Que o nosso amor permanece
Teimoso como um burro
Intenso como o desejo
Cruel como a memória
Tolo como o remorso
Terno como a saudade
Frio como o mármore
Belo como o dia
Frágil como uma criança
Ele olha-nos a sorrir
E fala-nos sem nada dizer
Eu escuto-o a tremer
E grito
Grito em teu nome
Grito em meu nome
Suplico-te
Em teu nome e em meu nome e em nome de todos os que se amam
E que se amaram
sim
Grito
Em teu nome em meu nome e em nome de todos os outros que não conheço
Fica aí
Não te mexas
Não te vás
Nós que somos amados
Esquecemos-te
Mas não nos esqueças tu
Só te tínhamos a ti
Não nos deixes ficar frios
E distantes
E seja onde for
Dá sinal de vida
Mais tarde ao fundo de um bosque
Na floresta da memória
Aparece de súbito
estende-nos a mão
E salva-nos"

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Movimento Total - O Corpo e a Dança

«O bailarino retoma o seu corpo nesse momento preciso em que perde o seu equilíbrio e se arrisca a cair no vazio. Luta, jogando tudo por tudo: está em jogo a sua vida, a sua liberdade de bailarino, a sua luz (...) Por meio de movimento domará o movimento: com um gesto libertará a velocidade que arrebatará o seu corpo traçando uma forma de espaço. Uma forma de espaço-corpo efémero, por cima do abismo.»
.
José Gil, Movimento Total - O Corpo e a Dança, Relógio D' Água
*****
José Gil poderia perfeitamente ter escrito o trecho acima inspirado pela foto da prima ballerina Ana Lacerda.

Festival ao Largo

Largo de São Carlos
8-12 Julho, 22h
Entrada livre

A Companhia Nacional de Bailado apresenta espectáculos de repertório contemporâneo: Concerto, de Katarzyna Gdaniec e Marco Cantalupo, e Cantata, de Mauro Bigonzetti. Neste último bailado, destaque para a participação ao vivo do Gruppo Musicale Assurd.

PROGRAMA:

Concerto
Coreografia: Katarzyna Gdaniec e Marco Cantalupo
Música: Johann Sebastian Bach concerto para cravo BWV 1052
Desenho de Luz: Bert De Raeymaecker
Figurinos: Katarzyna Gdaniec e Marco Cantalupo

Concerto, construído a partir de uma peça para cravo de J. S. Bach, é um bailado coreografado para três bailarinos e uma bailarina, em torno de uma mesa imponente, único ponto fixo como vórtice das dinâmicas e das tensões dos corpos. A complexa relação das personagens resulta obviamente da variedade dos tempi de Bach: ora implacáveis e rápidos ora lentos e dilatados, numa explosiva mistura de aceleração de energia com lacerantes encontros passionais.
Texto: Marco Cantalupo

Cantata
Coreografia: Mauro Bigonzetti
Arranjo e Interpretação Musical: Gruppo Musicale Assurd
(ao vivo a partir de música original e tradicional do sul de Itália)
Figurinos: Helena de Medeiros
Desenho de Luz: Carlo Cerri
Estreia Absoluta: Lisboa, Ballet Gulbenkian, 2001
Estreia na CNB: Lisboa, Teatro Camões, Companhia Nacional de Bailado, 3 de Abril de 2008

Cantata é uma coreografia plena das cores vibrantes, típicas do Sul de Itália. Os gestos apaixonados e viscerais evocam um tipo de beleza mediterrânica e selvagem. Uma dança instintiva e vigorosa explora as várias facetas da relação entre homem e mulher: sedução, paixão, querelas, ciúme.

Cantata rende homenagem à cultura e tradição musical italianas, uma criação popular, no sentido mais elevado do termo. Utiliza música italiana dos séculos XVIII e XIX, desde as canções de embalar ao Salentine pizziche e às serenatas napolitanas. Neste bailado, criado a partir de um encontro inesperado com um grupo de músicos de Nápoles e Puglia, a dança e a música misturam-se e interligam-se.
Texto: Mauro Bigonzetti

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Da elegância

«Elegância é a arte de não se fazer notar, aliada ao cuidado subtil de se deixar distinguir»
Paul Valéry



Algures em Madison Ave., NYC (by Sartorialist)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Serão

Museu Fundação Oriente
10 e 11 Julho
Auditório, 21h30
Preço: €5
Co-produção: Fundação Oriente/Escola Superior de Dança

Programa:

Ego Skin, coreografia de Amélia Bentes
Ego Skin pretende explorar o conceito do Ego, enquanto “imagem de si-mesmo”; a forma como o corpo se modela e se transfigura numa subordinação ao olhar do outro. ‘O corpo, ser-no-mundo que participa, comunga e comunica, torna-se simultaneamente superfície de inscrição, sujeito e objecto, vivente e vivido, tocante e tocado’.

, coreografia de Teresa Ranieri. Música de Susuru Yokota, Johannson, Tied & Tickled Trio
é uma peça minimalista e repleta estados emocionais. Criada como um diálogo entre o movimento do corpo e a luz, enquanto elemento privilegiado de cenário, este trabalho exterioriza histórias de si próprio, contadas pelos intérpretes, bem como confidências dos seus caracteres, enquanto indivíduos e nas relações com os outros.

Solos e Duetos Alemães, coreografia de Rui Horta. Música a anunciar.
Solos e Duetos Alemães é o título provisório do trabalho que Rui Horta construirá, ao se propor revisitar alguns solos e duetos do seu reportório descobrindo-lhes elos que ganharão vida e comunicações renovadas.

domingo, 5 de julho de 2009

Aniversário

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham de mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças,
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim mesmo,
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino.
O que fui – ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas)
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos
O aparador com muitas coisas – doces, frutas, o resto na sombra debaixodo alçado -,
As Tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje não faço anos.
Duro.
Somam-se-me os dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

(Álvaro de Campos)

sábado, 4 de julho de 2009

Sugestão

No seu mais recente livro No bosque do espelho (Publicações Dom Quixote), Alberto Manguel recorre a histórias pessoais e a reflexões literárias ricas em humor e erudição subtil, levando-nos a reflectir sobre as delícias e responsabilidades da leitura.
A ler com (muito) prazer!
De relembrar que Manguel é também o autor de Uma história da leitura (ver meu post de 26 de Setembro de 2008), e foi durante anos os olhos de Jorge Luis Borges, lendo para o bibliotecário cego ao longo dos seus últimos dias de vida.

Birras

A viver no Brasil desde 2006, Maria João Pires terá afirmado que pretende renunciar à nacionalidade portuguesa, adoptando a brasileira. Pelos vistos, fartou-se “dos coices e pontapés que tem recebido do Governo português".

Nós que apreciamos a sua obra, até a compreendemos até certo ponto… Mas cá continuamos a tentar honrar este país (que ainda é nosso…). E a tentar melhorá-lo dia após dia.

Sabemos que a cultura é o parente pobre da família, mas cá nos aguentamos. E a MJP não será a artista com maior razão de queixa…

Cara MJP, não é com atitudes dessas que se resolvem os problemas. E para alguém que já mora fora do país há 3 anos é muito fácil renunciar à nacionalidade portuguesa.
Isto soa a birra de menina mimada. E já tem idade para ter juízo. Olhe, aproveite e vá bebendo umas caipirinhas por essas bandas.

muuhhhhh

Manuel Pinho demitiu-se na sequência de um gesto ofensivo dirigido às bancadas de esquerda em pleno Debate do Estado da Nação.

Em declarações posteriores, Pinho disse que não tinha planos para o futuro e que queria apenas gozar uma boas férias.

Que tenha então umas boas e longas férias. Já agora, que aproveite a oportunidade para ter algumas lições de bom comportamento.