sábado, 31 de outubro de 2009

Chéri de Colette

A Presença acaba de reeditar o romance de Colette, "Chéri", com tradução de José Saramago, aparecida inicialmente sob a chancela dos Estúdios Cor. Surge no contexto da estreia da adaptação ao cinema, o que inspirou a capa (péssima em meu entender). Com efeito, a capa é vulgar e só poderá ter como propósito apelar aos instintos mais básicos…. Enfim, técnicas de marketing actual, fácil e de mau gosto.
Ora vejam:
Chéri, romance publicado em 1920, aborda o delicado tema da sedução amorosa entre uma bela cortesã a caminho da meia-idade e um adolescente mimado. Chéri, de uma cálida voluptuosidade, rompe com os cânones da época - ele com as suas infantilidades e pequenos amuos, é quem se deixa amar.

Ela, uma mulher experiente, aceita com serenidade o prazer que ele lhe proporciona e não descura nenhum pormenor da sua educação amorosa.

Colette (1873-1954) é considerada uma das mais notáveis escritoras e mulheres da primeira metade do século XX.

A ensaiar...



Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento....

Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento

Este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.

Ary dos Santos

[obrigado à Ana Lacerda pela partilha]

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Nortada

A CNB convida a Companhia Olga Roriz a estrear em Lisboa, no Teatro Camões, a sua mais recente coreografia, Nortada.

Nortada é um espectáculo sobre as memórias dessa minha terra onde nunca vivi mas que guardo os mais fortes momentos de infância e adolescência.
Tudo nessa terra me é familiar apesar de tanta ser a distância e maior ainda a ausência.
Foi exactamente nesse lugar de confronto entre a incontornável distância e a profunda proximidade afectiva que nasceu, se desenvolveu e construiu esta peça.
Nortada situa-se num lugar invadido de nostalgia, de saudade, de intimidade.
Cada memória feita imagem é carregada de um simbolismo quase inocente como o olhar dessa criança que fui.
O cenário que nos reporta a dois espaços distintos, um exterior e outro interior está ao longo de toda a peça deliberadamente concentrado numa sala de jantar. Nesse local onde invariavelmente a família se junta.
Tudo nasce e se desenvolve a partir de uma refeição para no fim voltar a ela como um círculo sem fuga e aparentemente perfeito apesar de todas as vicissitudes.
Este espectáculo não teria sido possível sem o dedicado trabalho de observação e a capacidade de análise dos meus bailarinos perante uma tão complexo e delicado projecto.

Olga Roriz

29, 30 e 31 às 21h

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"então, porque não voas?"

Sérgio Godinho
A noite passada


A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti, "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste

[...]

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Dança criativa e movimento contemporâneo


Adultos:
Movimento Contemporâneo e improvisação
(Nível Intermédio)
Outubro 7, 14, 21, 28
4ª feira das 20h30/22h30
no estúdio ACCCA (Bairro Alto)
Preço: 35 euros/mês
Aula avulso: 10 euros
Inscrições: anasantosnovo@gmail.com
Movimento Contemporâneo e improvisação
(nível Aberto)
3ª feira das 19h/20h
na Academia DanceSpot (Lumiar)
Informações: http://www.palcoplural.com/
Crianças:
Ateliers Dança criativa

11 Outubro e 15 Novembro
3 - 6 anos das 10h/11h
7 - 10 anos das 11h30/12h30
na Nextart - Espaço Azul
Preço: 10 euros sessão
Informações e inscrições: http://www.next-art.net/
http://www.next-art.net/index.php?p=espaco_azul/actividades/ateliers/danca_criativa
Pais e Filhos
Movimento criativo para pais e filhos

(2 - 4 anos)
na Dance Spot
3ª feira das 18h15/19h
Informações: http://www.palcoplural.com/
Movimento contemporâneo
(8 - 12 anos)
5ª feira das 18h/19h
Informações: http://www.palcoplural.com/

Hoje estou...

.
... folheando o ar com a boca sem encontrar a página em que se respira

António Lobo Antunes
Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Four reasons

Four reasons
Coreografia de Edward Clug
Com Ana Lacerda e Fernando Duarte, entre outros.

Para ver até dia 18 de Outubro no Teatro Camões.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

À flor da pele

Entrevista a Rui Lopes Graça no Teatro Camões a 16.Maio.09
À Flor da Pele
Coreografia de Rui Lopes Graça
Música Philip Glass



"(...) a dança é indizível.. Se não fosse indizível, era inútil haver dança."

Rui Lopes Graça


A ver, a sentir, a reflectir!!!

Uma palavra: maravilhoso!!!

You've got the love

INÚTIL Revista


Está para muito breve o lançamento da tão aguardada revista INÚTIL Revista.

Onde: Livraria Ler Devagar, LX FACTORY
Hora: Sexta-feira, 23 de Outubro de 2009, 22h

Coordenação editorial: Maria Quintans
Direcção fotográfica e produção: Ana Lacerda
Concepção/direcção de arte: João Concha


Aqui fica o primeiro (útil) editorial:

INÚTIL pretende ser um terreno onde a experimentação do registo poético passe pelos ângulos, escadas, esquinas, becos e afagos da expressão artística, desconstruída pelas duplas mãos da palavra e da imagem. O inútil desmultiplica-se em processo de pensamento, na conversa desfocada entre a lente do fotógrafo, a curva da estrada, a imagem encurralada no papel da viagem até ao interior da página.

Começa assim a vida de uma espécie Inútil, desintegrada em imaginárias matérias. As piruetas fazemo-las nós, a três dimensões, em traços construídos de margens e desenhando letras suspeitas de deslizes triangulares. No sofá estendemos circularmente a poesia, a prosa poética, o ensaio, o desenho, a fotografia, a colagem, o movimento, costurados em diálogos cúmplices com a linha do conceito temático de cada número. A periodicidade é inútil, ainda que assuma agora a forma quadrimestral.

Pretendemos acordar sem nos lembrarmos dos sonhos. Crescer em plataformas de rasgões de luz, como o lado contrário do útil, que se perde sempre em registos demasiado fáceis de conceitos literários esvaídos. Rascunha-se o tema como corpo começado e inutilmente deixado ao relento para que se descole a pele e se rasguem os princípios do preto e branco geométrico da arte transformada na coisa inútil que será sempre. INÚTIL é um ensaio onde a ilusão pode ser sempre o vibrato do olhar.

Agora, fechemos os olhos e comecemos a ilustrar a porta de um dos mortais pecados assinados por aqui. Que seja a ira a pulsação INÚTIL do primeiro número.

Foi em Novembro que partiste…

Brevemente será possível adquirir o livro “Foi em Novembro que partiste…” do poeta Hugo Roque, o qual já foi merecedor de destaque no JL, bem como num debate na Casa Fernando Pessoa.
A aguardar... e a ler com prazer...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

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Falsa modéstia ou singela humildade são as duas possíveis formas de classificar o que Erlend Oye dos Kings of Convenience disse ao ípsilon (a publicar na próxima sexta-feira, dia 9).

Sim, a melancolia está presente na nossa música.
Mas não somos grandes conhecedores de música. Nem de bossa nova, nem de nada em geral. Não somos grandes consumidores de música.

De relembrar que o mais recente álbum (Declaration of Dependence) foi editado no passado dia 2 e que se esperam os seguintes concertos:

2 de Novembro: Theatro Circo, Braga.
4 de Novembro: Coliseu dos Recreios, Lisboa.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Lisboa em diários


São vários os blogs que circundam o universo da fotografia, designadamente a área de streetwear.

Hoje deixo aqui o meu reconhecimento especial por um blog cujo âmbito extravasa largamente o conceito de streetwear. Aparentemente, as fotos publicadas servem apenas a vontade do Artur Lourenço num determinado momento, não obedecendo a nenhum conceito rígido. Depende de onde está e do que lhe chama a atenção.

Tanto podemos encontrar fotos da sombra projectada por uma cadeira, como o azul do céu, ou a foto da rapariga que antes de sair de casa ousou calçar “aqueles” sapatos, ou até mesmo de algumas caras mais ou menos conhecidas da praça (na minha opinião, estão são as fotos menos interessantes do blog e que lhe retiram algum romantismo e misticismo... muito mais interessantes as fotos do sr. da pastelaria ou da retrosaria…).

Aqui ficam algumas fotos que fazem parte do Diário de Lisboa. A visitar diariamente!

Sonho de uma noite de Verão

O vídeo apresenta um excerto de Midsummer Night's Dream, onde a Ana Lacerda (acompanhada por Fernando Duarte) nos presenteia com a sua imagem repleta de beleza e delicadeza, mas também de generosidade técnica (a meu ver, irrepreensível).
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Enfim, um bom exemplo que ilustra o que a revista Máxima escreveu há uns tempos…:
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«Abre-se o pano e os holofotes iluminam a imagem longilínea de bailarina. Por detrás da figura delicada, quase etérea, de Ana Lacerda, vemos uma mulher tenaz, persistente e muito exigente consigo própria. O turbilhão de emoções que irradia dos seus olhos amendoados traduz-se mais facilmente em movimentos. E é o que leva para o palco como valor acrescentado a uma técnica mais que apurada...»
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