quarta-feira, 29 de abril de 2009

Dia Mundial da Dança

É hoje!!

Criado em 1982, por iniciativa do Comité da Dança do Instituto Internacional do Teatro, o Dia Mundial da Dança celebra o nascimento do coreógrafo francês Jean-Georges Noverre (1727-1810), criador do ballet moderno e grande impulsionador da dança.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A Divina Miséria: pré-publicação


«Capítulo Primeiro

COMO SABE, SENHOR, A MORTE DE UM HOMEM É SEMPRE UMA DESORDEM INFINITA. OS OBJECTOS QUE ATÉ então lhe pertenciam ficam desde logo sem préstimo nem função para a vida; caem no torpor e no atordoamento – vagos, sem utilidade, sem alma. Falta-lhes o movimento, o sangue, o calor das mãos que os usavam. Falta-lhes o tempo, a idade, a saúde para que foram criados. Sobretudo, senhor, falta-lhes o ser. A própria matéria reduz-se à sombra que lentamente arrefece e depois se extingue nos quatro cantos da casa – que acaba também por esmorecer e mudar de cor. Nela, o ar torna-se irrespirável; o sol, desnecessário, oblíquo. E tudo se apaga, tudo deixa de ser real. A razão de ser das coisas não reside na sua natureza material, mas antes na metafísica existencial, que é a explicação de todo e qualquer objecto; ela como que emerge do fundo da sua própria extinção, da ausência dessa luz que lhes vinha animando a existência.

Digo-o, senhor, porquanto claramente vi que os espelhos do vestíbulo, ao receberem o sopro derradeiro e o suspiro da sua agonia, se aveludaram de bagas de humidade – como se o alento do morto tivesse voado ao encontro deles nesse mesmo instante – e deixaram de ser os olhos discretos da casa. A memória do defunto evadira-se-lhe do corpo. Estava sendo como que amarrada aos aspectos ignorados do mundo que fora o dele, mas que agora nos parecia estranhamente distante, inerte, à beira do vazio. Como se dali o tivessem varrido os ventos loucos do esquecimento.

Eu nunca estivera antes na casa do padre, compreende o senhor? Não tinha vida nem estômago para isso. Era, nesse tempo, um homem de mil ofícios e caminhos. O mundo sobrevivia, sabe como e porquê? Ora, porque eu o desratizava. Subindo e descendo, por ladeiras e estradas, essas aldeias todas do Nordeste, tocava o meu realejo à entrada da rua principal, vinham logo bandos de homens e mulheres a correr ao encontro dos meus serviços. Via-se-lhes nos olhos as vidas carregadas de pobreza e de uma tristeza sem remédio. Ou tinham tulhas cheias dessas pragas de murganhos que eu devia exterminar, ou traziam-me facas e tesouras e alfaias agrícolas a afiar à lima, ao esmeril, até à lixa grossa; ou então apresentavam-me guarda-chuvas com varetas e molas partidas, e outras ferramentas a precisarem de um conserto destas minhas mãos de mecânico de tudo e mais alguma coisa. Amolava enxós, serras, serrotes, ferros de arado, foices de ceifar trigo ou roçar silvas, o inferno em peso a passar-me pelos dedos. As pessoas pediam-me que lhes fizesse recados e chamadas telefónicas intercontinentais, que lhes levasse cartas para o correio e desse voltas e voltinhas por elas na Vila, à cata de papéis e encomendas, em diligências e estúpidas demandas junto da câmara municipal e do notário. Pagavam-me por isso o que entendiam ou bem podiam. Mas nunca me faltou trabalho, porque a verdade é que não havia em todo o concelho do Nordeste um desratizador como eu. Armava ratoeiras em tudo quanto fosse sítio de ratos: arribanas, cafuões de milho, armazéns de frutas, sótãos onde se vazavam o trigo, a fava, a batata-doce e a comida de Inverno para o gado. As casas ficavam presas e reféns das minhas armadilhas, tal qual o peixe miúdo numa malha entre as rochas ou os pássaros nas redes que eu lançava entre o canavial – enquanto ia amolando tesouras de costura, limando facas de cozinha ou rachando lenha para o lume. Depois ia ver as minhas ratoeiras. Os bichos agonizavam às centenas, espichados pelas duras molas desses meus engenhos, dando à cauda e às patas no ar, os olhos alucinados e as línguas de fora. Abria-lhes então uma boa cova no quintal, ajudava-os a morrer por misericórdia e enterrava-os às pilhas e mais pilhas, para que o mundo ficasse limpo e salvo de semelhantes pragas. À boca de Outubro ou de Novembro, consoante o tempo se anunciasse para a próxima estação, tornava-mecarvoeiro. Trabalhava numa furna inventada por mim, espécie de forno abafado, com controlo de fumos e calores, onde a lenha ardia da noite para o dia por sua conta e risco, até o fogo se extinguir por si e as achas se converterem em grandes troços de carvão que eu vendia a peso ou a saco para o tempo frio. Já por aqui se vê, senhor: com uma vida destas, como ia eu ter tempo e paciência para padres e missas? Agora! Razão por que, como lhe disse, nunca tinha estado antes naquela casa.»
A Divina Miséria, de João de Melo (Dom Quixote)

sábado, 25 de abril de 2009

++++

"É cantando e dançando que o homem se manifesta como pertencendo a uma comunidade superior: desaprendeu de andar e de falar, mas prepara-se para se elevar, dançando."
Nietzsche, "A origem da tragédia"

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Bravo!

Marcelino Sambé, um jovem bailarino português de 14 anos, venceu o Youth American Grand Prix Competition de 2009 na categoria júnior, na final realizada em Nova Iorque na passada 4ª feira (encerrando 5 dias de eliminatórias).

Os prémios incluem uma parte em dinheiro e bolsas de estudo em escolas de dança de renome internacional como as norte-americanas American Ballet Theatre e New York City Ballet, Paris Opera Ballet, San Francisco Ballet ou Royal Ballet.

Em 2008, Marcelino Sambé já tinha ficado nos 12 primeiros lugares do top de bailarinos juniores (12 a 14 anos) no Youth American Grand Prix Competition e conquistou o primeiro prémio de Interpretação na 2ª Edição do Beijing International Ballet Invitational for Dance Schools, ex-aequo com um jovem bailarino chinês e uma jovem bailarina britânica.

Marcelino Sambé nasceu em 29 de Abril de 1994 em Lisboa e começou a dançar aos quatro anos de idade juntamente com Telmo Moreira, que posteriormente integrou o grupo português Batoto Yetu e actualmente estuda na Academia Vaganova, na Rússia.

A Divina Miséria

Passaram mais de vinte anos desde que João de Melo escreveu Gente Feliz com Lágrimas, o seu romance mais premiado e o seu melhor cartão-de-visita.

Está de regresso aos contos com uma edição especial de Luxúria Branca e Gabriela, em resposta a um desafio do ilustrador.

"O pretexto para esta edição foi-me dado por Francisco Simões, autor das ilustrações. "Encontrou-me por acaso em Lisboa: ‘Você é o João de Melo, não é? Tenho uns desenhos que, em tempos, fiz sobre um texto seu. Quer vê-los?’", lembra. Deste encontro saiu a ganhar a carga erótica do conto, escrito em 1996, revisto em 1999, publicado em 2003 e reformulado em 2008.

"Todos os livros serviram para me livrar de sonhos e pesadelos reais. Livrei-me dos sufocos e isolamentos insulares e da ditadura com O Meu Reino não é deste Mundo e Gente Feliz com Lágrimas; fiz a catarse da Guerra Colonial com Autópsia de um Mar em Ruínas e questionei a Europa e a Península Ibérica em livros como O Homem Suspenso e O Mar de Madrid."

O seu próximo livro, A Divina Miséria, sai em finais de Maio. "Essa novela dava uma ópera. Espero que as pessoas se surpreendam, gostem da história e da prosa e fiquem comigo. É um dos meus melhores textos", garante.

João de Melo dixit:

A intimidade é uma das maiores evidências da literatura. Quis escrever um texto sobre a beleza, o desejo, o prazer que nos salva dos trabalhos e dos dias.

A literatura é um sal, um elixir, um éter da vida, uma alma para o Mundo.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

"Criatura"


CAMINHOS E REINVENÇÕES:
A POESIA PORTUGUESA: DOS ANOS 90 À REVISTA "CRIATURA"

Conferencistas: José Mário Silva (Crítico do Expresso)
António Carlos Cortez (Crítico do Jornal de Letras)

Uma conversa informal sobre as últimas tendências na poesia portuguesa actual, desde os anos 90 às mais recentes publicações. O que se pretende é dar a conhecer ao público nomes, obras, poemas que nem sempre têm merecido a atenção da crítica especializada. Com presença de alguns dos autores, serão lidos e pensados os textos dos poetas "novíssimos". Reflectir sobre o que é a poesia em geral, eis um primeiro objectivo. Sobre o que é a poesia dos mais novos, eis uma interrogação para a qual José Mário Silva e António Carlos Cortez tentarão encontrar respostas. Provisórias, claro.

Poetas a comentar: Miguel-Manso (1979), Andreia Faria (1984), Paulo Tavares (1977), Joel Henriques (1979), Fernando Eduardo Carita (1961), David Teles Pereira, Hugo Roque e Sérgio Lavos, poetas reunidos em torno da revista "Criatura".

Casa Fernando Pessoa, dia 24 de Abril, pelas 18h30

Dance Awards 2009 – Prémios da Dança

Trata-se de uma iniciativa arrojada, nunca realizada em Portugal.

Serão premiados e homenageados os intervenientes mais relevantes do mundo da dança no nosso país como as instituições, companhias, projectos, grupos, escolas, academias, coreógrafos e bailarinos das mais diversas áreas da dança. Pretende-se divulgar a dança a nível nacional e reconhecer a importância que esta presta ao relacionamento cultural com a sociedade.

Para consultar os nomeados e escolher o favorito em cada área, visitar: http://www.portugaldanceawards.com/

Os meus votos foram para:

Bailarino clássico: Ana Lacerda
Bailarino contemporâneo: Romeu Runa
Companhia / grupo contemporâneo: Companhia Olga Roriz
Coreógrafa: Olga Roriz

Teatro Camões
29 ABRIL 2009, 21H30

terça-feira, 21 de abril de 2009

"A Partir do Adolescente Míope"

Olhar sobre a adolescência através da descoberta ou redescoberta da obra literária de Mircea Eliade – O Romance do Adolescente Míope.

O espectáculo constrói-se em volta da misteriosa relação entre o ser humano e o livro, o acto de escrever, o prazer de ler e a obrigação de estudar. Um bailarino romeno (Romulus Neagu), um actor inglês (Graeme Pulleyn) e um músico português (Luís Pedro Madeira) são os guias. Dia 21 de Abril, no Instituto Franco-Português, em Lisboa.

É uma viagem para um destino entre a realidade e a ficção, entre o passado e o presente, entre a dança, o teatro e a música.

Com música interpretada ao vivo, os intérpretes convivem de forma muito próxima com o público, olhando e revivendo as suas próprias adolescências com base no encontro entre a reflexão pessoal e a redescoberta.

Instituto Franco-Português
(Co-produção Teatro Viriato e Companhia Paulo Ribeiro)
Av. Luís Bívar, 91
Hoje às 21h30

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Maus livros

«A vida é demasiado curta para se ler maus livros». Eis o que diz muita gente que faz da qualidade um fetiche. Só se deve ler bons livros, ver bons filmes, ouvir boa música ou falar apenas com gente inteligente, e tudo o resto é pura perda de tempo, blá, blá, blá... No entanto, ler maus livros é uma inevitabilidade. É como ter tido uma péssima relação amorosa: faz parte da aprendizagem da vida e permite-nos distinguir o que é bom do que é mau. Mas, tal como nas relações amorosas, não sei porquê, também no caso dos maus livros temos tendência para reincidir.

Jaime Bulhosa

Boato

Boato, o segundo trabalho a solo de JP Simões já se encontra à venda.
É um disco ao vivo (gravado no Teatro São Luiz em Novembro de 2008). Inclui doze inéditos, assim como algumas canções dos anteriores projectos do artista: Belle Chase Hotel, Quinteto Tati, Ópera do Falhado e 1970, o seu primeiro álbum a solo.
1) A Queda de Ícaro
2) Lenda do Homem Pássaro
3) O Menino Negativo
4) Ele é que Não
5) Suor e Fantasia
6) Tango do Antigamente
7) Eu Um Dia Hei-de Ter Poder
8) A Flor da Vida, A Arte do Encontro, etc.
9) Carta Tardia
10) Joana Francesa
11) Se por Acaso (com Luanda Cozetti)
12) Canção da Carne Crua
13) Nimarói
14) La Toilette des Étoiles
15) Interlúdio Comercial
16) Música Impopular
17) Ela Vai e Vem
18) Vou Sair Para Comprar Cigarros
19) Uma Para o Caminho
20) São Paulo 451
21) Epílogo: Canção do Jovem Cão (com Manuel João Vieira)
Porquê "Boato"? «Se quisesse perceber, através de um disco meio antológico, por onde é que andei e o que é que pensei durante todo o tempo em que construí estas canções, teria de me render à evidência de que tudo o que sei sobre mim são essencialmente boatos, verdades voláteis». JP Simões

sábado, 18 de abril de 2009

*****

Nova aparição.
Ainda bem. Já tinhamos saudades.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Dia Mundial da Dança

Dia Mundial da Dança
29 e 30 Abril 2009
Auditório Eunice Muñoz (Oeiras)

"A Câmara Municipal de Oeiras, a Revista da Dança e o Centro de Dança de Oeiras associam-se para as comemorações do Dia Mundial da Dança de 2009 estreitando laços para homenagear alguns artistas portugueses que, pelas mais diversas razões, têm dignificado a dança em Portugal e no estrangeiro. Entre eles contam-se Águeda Sena e Bernardete Pessanha - bailarinas pertencentes a uma geração pioneira da dança portuguesa - Graça Bessa e António Rodrigues, fundadores da Academia da Dança de Setúbal e da Companhia de Dança Contemporânea, Isabel Queiroz (bailarina principal do Ballet Gulbenkian, a título póstumo), Lídia Martinez, bailarina que fez toda a sua carreira em França, Olga Roriz, bailarina-coreógrafa directora da sua própria companhia, Benvindo Fonseca, ex-bailarino principal do Ballet Gulbenkian e coreógrafo, Sílvia Nevjisnky, antiga bailarina das companhias de Paul Taylor e Lar Lubovitch, Paulo Manso de Sousa, bailarino e coreógrafo que fez carreira em diversas companhias norte-americanas e Cristina Maciel, antiga bailarina principal da Companhia Nacional de Bailado, entre outros. O seu trabalho, nem sempre devidamente reconhecido e suficientemente valorizado, merece, contudo, ser lembrado por aqueles com quem partilharam os palcos e que deles, generosamente, receberam gratificação artística e intelectual. Quantas vezes em condições adversas, todos carregaram a tocha do "fogo sagrado" ultrapassando dificuldades, designadamente físicas e económicas, e mostrando uma inusitada perseverança e um forte amor pela sua arte. Todos eles trilharam caminhos com obstáculos demonstrando coragem perante as adversidades e, acima de tudo, uma especial integridade no seu trabalho. Aquela de que se fazem os verdadeiros artistas.Com este modesto contributo, as entidades patrocinadoras destes espectáculos - às quais se junta a comunidade da dança portuguesa -, esperam contribuir para dignificar a arte da dança. E também para que os artistas mais jovens vejam nos homenageados (bem como nos participantes) exemplos ímpares de trabalho, realização artística e, até, espírito de missão."

De salientar, igualmente, a presença da bailarina Ana Santos, que irá repor o solo "Murmúrio", coreografado em 2006 por Benvindo Fonseca para a companhia Lisboa Ballet Contemporâneo.

domestic poetry...embryo



Lúcia David
domestic poetry...embryo
18 Abril a 16 Maio 2009
Galeria Trema
Rua do Jasmim, 30, Lisboa

Com o passar do tempo todas as coisas se tornam desmaiadas e desfocadas. Presenças, amores, objectos, e… os livros. Tal como a pele humana, o seu papel reflecte o passar dos anos. Podem transportar em si a eternidade da palavra escrita, no entanto os livros carregam uma fragilidade total – são feitos de papel.

Trata-se de uma exposição autobiográfica, com memórias da infância, algo assustadoras, algo românticas.
Tudo depende do tempo…

sábado, 11 de abril de 2009

«««»»»

«[…] Um dos traços mais constantes nesta panorâmica é o do gesto pela melodia. A música portuguesa, quer tradicional quer erudita, raras vezes demonstra grande simpatia pelo contraponto mais complexo e valoriza, pelo contrário, o desenho da curva melódica e a expressividade natural da cantilena. […] gostamos de nos embalar em linhas de um lirismo intenso, carregadas de emoção, muitas vezes em tonalidades menores e de ambientes escuros, e é só um certo pudor instintivo do temperamento português que consegue evitar que resvalemos para o mero sentimentalismo.

“Matriz”, que Teresa Salgueiro e os seus músicos agora nos oferecem, constitui uma boa prova do que atrás afirmei. Lado a lado, cantigas de trovadores, canções tradicionais do Portugal profundo, um romance de corte quinhentista, o vira, o malhão e o corridinho, o fado castiço e o fado canção, a canção urbana, Armandinho e Alain Oulmain, Carlos Paredes e Fausto, e o próprio Lopes Graça, […], cruzam-se num mosaico aparentemente disperso de épocas e referências mas cuja unidade essencial depressa se afirma e nos conquista. Em maior ou menor grau sentimo-nos retratados neste universo, esta é a nossa casa, estes somos nós.

Claro está que o grande elemento unificador desta “Matriz” é a força da voz de uma Teresa Salgueiro em plena maturidade, intensa mas discreta, num canto que articula com precisão o texto mas o envolve num veludo de timbre que dá largas à beleza da cantilena. […]»

Rui Vieira Nery
Universidade de Évora

As artes

Merce Cunningham by Andy Warhol
"Yes it's difficult to talk about dance. It’s not so much intangible as evanescent. I compare ideas on dance, and dance itself, to water. Surely, describing a book is certainly easier than describing water. Well, maybe… everyone knows what water is or what dance is, but this very fluidity makes tem intangible."

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Coreo-grafias

Descobri (apenas) ontem o último número publicado da “Textos e Pretextos”. A edição explora a relação entre Dança e Literatura. Dá para salivar!!!

Nomes maiores das referidas artes fazem parte da edição, como sejam, Gonçalo M. Tavares, Miguel Pereira, Paulo Ribeiro, Rui Lopes Graça, Tiago Guedes, Vera Mantero, Olga Roriz e João Fiadeiro. A meu ver, a edição teria sido (ainda mais) enriquecida com a “presença” da bailarina Ana Lacerda…

Para além do conteúdo exímio e interessantíssimo, a edição apresenta-se muito cuidada. Papel de excelente qualidade, e um equilíbrio perfeito entre textos, fotos e desenhos. Enfim, um puro deleite.

No editorial, assinado por Margarida Gil dos Reis e por José Pedro Ferreira, lê-se:

«[…] Este número 11 da “Textos e Pretextos” pretende questionar a relação entre literatura e Dança, enquanto expressões artísticas e explorar esse espaço limiar que pertence ao corpo. Reunindo ensaístas, criativos, coreógrafos, bailarinos e escritores, a tipologia do corpo presente em ambas as artes funda, de algum modo, a vocação interdisciplinar desta publicação.
[…]
Reúnem-se […] duas perspectivas artísticas que muito têm em comum, temática e mesmo teoricamente, que partilham as mesmas aspirações quanto ao real e ao humano, que é a questionação permanente dos sonhos e limites. […]»


Coreo-grafias. Literatura e Dança
Ano: 2008

Edição: Lisboa/CEC e Livro do Dia

Textos e Pretextos Nº 11 Outono/Inverno 2008
Coreo-grafias. Literatura e Dança

Texturas [Ensaios]
· Henrique Chaves, "Literatura e Dança. Um diálogo para além das palavras"
· Federica Mazzara, "La danza nel Novecento: un'esperienza di contaminazione dionisiaca"
· Joana Câmara, "Contaminações do corpo dançante"
· Karen Bennett, "The language of dance"
· Maria Antónia Lima, "Expressões góticas na dança de Martha Graham"
Contra-Senha [Testemunhos]
· Ana Macara e Ana Paula Batalha
· Anna Mascolo
· Daniel Tércio
· Francesca de Vita
· Gonçalo M. Tavares
· Jaime Conde-Salazar Pérez
· Luísa Roubaud
· Maria Helena Serôdio
· Paulo Cunha e Silva
· Stephan Jurgens
· Tiago Bartolomeu Costa
Contra-Senha II [Inquérito]
· Filipe Viegas
· Madalena Victorino
· Miguel Pereira
· Né Barros
· Paulo Ribeiro
· Rui Lopes Graça
· Tânia Carvalho
· Tiago Guedes
Reportagem
· Ana Maria Ribeiro, "Coreógrafos ao serviço do teatro"
Variações [Entrevista]
· Margarida Gil dos Reis e Luiz Antunes, "Trazer o mundo à dança. Entrevista a Vera Mantero"
· Ricardo Paulouro, "O tempo (do) real. Entrevista a João Fiadeiro"
· Ricardo Paulouro, "A fala da dança. Entrevista a Olga Roriz"
Cronologia Atelier [Antologia]
Textualidades [Bibliografia seleccionada]

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Artolas

«[...]
- Escreve aí no quadro uma oração subordinada
e deu-me um estalo porque escrevi soburdinada. Até hoje acho soburdinada mais bonito.
O professor era uma besta de violência, distribuía chapadas pela aula e eu queria ficar grande num instante para lhe aplicar uma sova. Quando fiquei grande procurei-o na lista telefónica para lhe devolver os estalos: nunca o encontrei e ninguém sabia dele. Nos intervalos de bater tirava pêlos do nariz ou mandava-nos comprar-lhe cigarros. Oxalá tenha tido uma morte macaca. O apagador de giz voava, direitinho à gente, chamava-se senhor André e o cão dele, um infeliz como nós, Pirata. O cão não escrevia no quadro orações subordinadas mas, tal como nós, comia pela medida grande, pontapés atirados com alma. […]

[…] Entrei no carro, vim para aqui fazer isto. Acabei o livro, estou vazio. No meio da prosa chegam traduções minhas em grego que a agência mandou por esses correios especiais em que a gente tem de assinar um papel. Assino sempre na linha errada e o empregado diz sempre
- Não faz mal.
Desta foi em grego, da última em macedónio ou polaco. E aparece logo o senhor André a anunciar aos gregos, aos macedónios, aos polacos
- Escreve soburdinada, o camelo
num desprezo sem fim, e os gregos, os macedónios e os polacos a concordarem, escandalizados. Devem achar os estalos merecidos:
- Soburdinada, que horror, anda a gente a publicar este artolas
e o artolas, distraído deles, a pensar na morte da bezerra. Não: o artolas, distraído deles, a respirar o vapor do caneiro, espantado com os ratos. Não: o artolas a hesitar como se acaba esta crónica. Não a acabes, artolas: fica assim.»

Crónica in Visão (19 de Março de 2009)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

*****

Matriz, o novo trabalho de Teresa Salgueiro já se encontra disponível. Conta com 20 temas desde a música medieval até à música contemporânea portuguesa (ver post do dia 16 de Março).
Nas lojas FNAC encontra-se uma edição especial composta por CD e DVD.
Após a estreia no Centro Cultural Olga Cadaval, Teresa Salgueiro inicia a digressão mundial em Roma no dia 15 de Abril.
O próximo concerto em Portugal será no Seixal, a 24 de Abril.

DVD inclui:
Apresentação
Jus a lo mar e lo rio
Voltarei à minha terra
Por este rio acima
Fotos

Ler no Chiado

A Bertrand acolhe uma vez mais uma sessão de Ler no Chiado, desta vez com Isabel Coutinho, José Mário Silva e Rui Tavares. O tema é: “Este blogue dava um livro. Escrever no ecrã, publicar em papel.”

Hoje às 18h30 na Bertrand do Chiado.

Tributo

TRIBUTO a RUDOLF NUREYEV
pelas
ESTRELAS do BALLET RUSSO

Rudolf Nureyev, um dos maiores bailarinos clássicos (ou mesmo o maior do mundo?), teria feito 71 anos a 17 de Março passado.

É neste contexto que as Estrelas do Ballet Russo lhe prestam homenagem, apresentando-se com algumas das obras dançadas pelo ícon Nureyev.
Em digressão por Portugal, em Maio e Junho.
Em Lisboa: Coliseu a 29 e 30 de Maio (21h30)
Programa: La Bayadere – D. Quixote – O Corsário – Giselle - Raymonda
De salientar que Rudolf Nureyev passou por Portugal em Junho de 1967. Apresentou-se no Teatro Nacional de S. Carlos, integrado no Royal Ballet, e dançou com Margot Fonteyn. As suas interpretações em Giselle, Raymonda e Margarida e Armando foram motivo para uma das maiores apoteoses jamais registadas no referido Teatro.
Morro quando se apagam as luzes e só ressuscito pensando que amanhã voltarei a dançar. Nureyev dixit.

Rudolf Nureyev e Margot Fonteyn