segunda-feira, 31 de agosto de 2009

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Uma erudição sólida
É uma mala de viagem
Demasiado pesada
Para eu carregar
Tenho pressa
E viajo leve

Bruce Chatwin, cadernos de notas, Mauritânia, 1970, citado na sua biografia escrita por Nicholas Shakespeare

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Casais

[…] tu no interior do jornal a tapares as orelhas com notícias, a leres os suplementos, a encheres o universo de papel, há páginas que caem e avançam tapete fora e depois o jornal é gordo e eu nem um olhar mereço, já nem falo num sorriso, um olharzito de cacaracá, uma frase de tempos a tempos, um elogio. Cortei o cabelo, reparaste? Conheces estes brincos? O bâton rosado? Pensas que os homens não se interessam por mim? Ainda ontem me deram trinta e seis anos, não interessa quem, podes perguntar que não respondo. Estás a ler o jornal ou a dormir? Ainda ontem me deram trinta e seis anos, palavra, e tu há uma semana sem me tocares, trinta e seis anos, compreendes, repara nesta cintura, neste peito, o pescoço lisinho, as pernas sem uma variz, celulite e estrias viste-as, se me apanhassem nua os trinta e seis baixavam para dezanove ou vinte, com um perfume que eu cá sei para dezoito até, nem uma jeitosa de dezoito anos te fala à alma pois não, dezoito anos, palpita, e não palpitas, se um ladrão me levar não dás conta, pensas que tens alguma graça, tu, quase careca, essa barriga, pensas que dizes coisas que se aproveitem, às vezes, ao falares, ficas com esponjinhas de cuspo nos cantos da boca, não existe pior friagem para uma mulher que esponjinhas de cuspo nos cantos da boca, só de lembrar isso enjoa-me, nem sei como aguento, o que terei visto em ti, daqui a nada arranco-te o jornal das mãozinhas e para quê arrancá-lo se arrancando-te o jornal dou contigo e com as esponjazinhas, com os pêlos do nariz que bem podias cortar […]
Crónica do Amor (excerto) in Visão
António Lobo Antunes

No comments...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

He's back!!!!!!

Capa do ípsilon da próxima 6ª-feira.
Quentin Tarantino regressa com novo filme. Mais uma obra-prima...

Suedehead


Why do you come here?
And why do you hang around?
I'm so sorry
I'm so sorry
Why do you come here
When you know it makes things hard for me?
When you know, oh
Why do you come?
Why do you telephone? (Hmm...)
And why send me silly notes?
I'm so sorry
I'm so sorry
Why do you come here
When you know it makes things hard for me?
When you know, oh
Why do you come?
You had to sneak into my room'
just' to read my diary
"It was just to see, just to see"
(All the things you knew I'd written about you...)
Oh, so many illustrations
Oh, but I'm so very sickened
Oh, I am so sickened now
Oh, it was a good lay, good lay
It was a good lay, good lay
It was a good lay, good lay

terça-feira, 25 de agosto de 2009

No Way Back


Encontro de Gigantes

Ana Lacerda e Carlos Acosta em D. Quixote

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Declaração de dependência

:-)
Kings of Convenience têm novo álbum: Declaration of Dependence, o qual será lançado em Portugal a 2 de Outubro!!!

Alinhamento:
1- "24-25"
2- "Mrs Cold"
3- "Me In You"
4- "Boat Behind"
5- "Rule My World"
6- "My Ship Isn't Pretty"
7- "Renegade"
8- "Power Of Not Knowing"
9- "Peacetime Resistance"
10- "Freedom And Its Owner"
11- "Scars On Land"
12- "Second To Numb"
13- "Riot On An Empty Street"


Concertos:
2 de Novembro: Theatro Circo, Braga.
4 de Novembro: Coliseu dos Recreios, Lisboa.


O grupo não edita um álbum de originais desde Riot on an Empty Street, de 2004. O primeiro single retirado de Declaration of Dependence tem por título Mrs. Cold:




Lagartas azuis, coelhos atrasados, unicórnios e afins

Manuscrito de Lewis Carroll de Alice no País das Maravilhas, com desenho original do próprio

Lewis Carroll, pseudónimo de Charles Dogson, diácono, matemático, lente da Universidade de Oxford e fotógrafo amador, era um contador exímio de histórias, que depois passaria à escrita, para entreter as meninas Liddell, filhas do deão da Igreja de Cristo em Oxford, especialmente Alice, a sua favorita.
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Alice não pôde evitar um sorriso, ao dizer:
-Sabes, eu também pensava que os Unicórnios eram monstros fabulosos! Nunca tinha visto um vivo!
-Bem, agora já nos vimos um ao outro – constatou o Unicórnio. – Se acreditares em mim, eu acredito em ti.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Eclipse

Ecos na Catedral

A Nova Aurora

O mundo dos livros

Guy Laramée, Pétra (2007)

Hugo Pratt (1927-1995)

Hugo Pratt
15 de Junho de 1927 - 20 de Agosto de 1995
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Hugo Pratt, o criador do meu herói preferido de BD, Corto Maltese, morreu faz hoje 14 anos. Corto nasceu em Malta em 10 de Julho de 1887, filho de uma cigana de Sevilha e de um marinheiro britânico originário da Cornualha, e que traçou ele próprio a sua linha da sorte na mão esquerda com uma lâmina.

Um herói romântico, corajoso, misterioso, com um sentido de humor irreverente e uma dose de desencanto e cinismo apenas aparentes, um herói que nas palavras do seu criador sonha com os olhos abertos, e aqueles que sonham com os olhos abertos são perigosos porque não sabem quando acabam os seus sonhos.
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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Vida e morte da dança

Esta é a capa da próxima edição do ípsilon (sai 6ª feira, dia 21). Promete. A aguardar ansiosamente...

...

Excerto do manuscrito de Mrs. Dalloway

Mrs. Dalloway said she would buy the flowers herself.

Virginia Woolf in «Mrs. Dalloway»

Always, the hours

To look life in the face, always, to look life in the face, and to know it for what it is...at last, to love it for what it is, and then to put it away.

Always the years between us. Always the years. Always, the love. Always, the hours.
Michael Cunningham in «As Horas»

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Estereótipos

«O que elas são depende por completo da pessoa, como é hábito. O que é pornografia para um homem, faz-se riso do génio para outro.Ao que se diz, a própria palavra significa "pertencente às prostitutas" - o sinal da prostituta. Mas o que é hoje em dia uma prostituta? Se for uma mulher que exige dinheiro ao homem para ir com ele para a cama – a verdade é que em tempos idos muitas esposas se venderam, e muitas prostitutas existem que se entregam de graça quando para aí lhes dá. Se uma mulher não guardar em si um leve traço de prostituta, regra geral é insonsa e vulgar. E provavelmente muitas prostitutas têm um leve traço de generosidade feminina num ponto qualquer do seu carácter. Por que havemos de ser tão drásticos e tão severos? A lei é uma coisa enfadonha, e o seu julgamento nada tem a ver com a vida.»

Pornografia e Obscenidade
D.H. Lawrence
Edição: Frenesi
2009

Capa da antiga e bonita edição (1984), há muito esgotada:

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Última página

Ler é uma excelente forma de passar o tempo, sempre achei. Na última página fico do lado dos inocentes e felizes. A história acabou e tive a sensação da curiosidade satisfeita, porque fiquei a saber tudo. Ponto final. Posso passar a outro livro, outra aventura. (...).

Estantes há muitas...

«Shelf» by David Blazquez

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Weekend

Prometida

Teresa Salgueiro por Pedro Meira


O Navio
Madredeus
Pedro Ayres Magalhães

Só deixei no cais a multidão,
A terra dos mortais,
A confusão,
Navego sem farol, sem agonia... distante;
E vou nesta corrente,
Na maré,
No securo da menor consolação,
Acordo a meio do mar que me arrepia,
E foge...

A minha paixão é uma loucura.

Ando...
Numa viagem perdida,
O navio anda à deriva,
Sózinho.
Não é grande o mal, bem pouco dura;
E quando...
Afundar a minha vida,
Se calhar sou prometida... do mundo.

No comments...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Anatomia da errância



Bruce Chatwin (1940-1989)

He tells not a half truth, but a truth and a half
Nicholas Shakespeare dixit
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Enquanto lermos os seus livros, ele continuará a viajar. Naturalmente. Estou a dar o meu contributo: estou a ler a sua monumental biografia escrita pelo Nicholas Shakespeare. Também eu estou a viajar pelo seu fantástico mundo e interessante vida. Com muita errância à mistura e um Moleskine ao meu lado...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Tributo a Michael Jackson em livro

Em Novembro sairá a edição de culto, limitada e numerada, da biografia ilustrada de Michael Jackson com 150 fotografias a cores, algumas das quais nunca antes publicadas.
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A BOOKSMILE (editora portuguesa vocacionada para o livro ilustrado de grande público), juntou-se à co-edição internacional da biografia ilustrada de Michael Jackson escrita por Chris Roberts (colunista do Daily Telegraph e da BBC). A tradução para português é da responsabilidade de Dulce Afonso, pelo que é expectável (e garantido) um excelente trabalho.
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Aconselha-se vivamente que reserve desde já um exemplar!


MICHAEL JACKSON: O REI DA POP 1958-2009
Chris Roberts
Tradução: Dulce Afonso
Editora: BOOKSMILE
144 páginas, capa dura e sobrecapa
Data de lançamento: Novembro

Os silêncios de Marilyn Monroe

Marilyn Monroe no Ambassador Hotel (1955)

Marilyn Monroe fotografada por Elliott Erwitt (1955)

Marilyn Monroe por Dave Cicero (1947)

Marilyn Monroe por Eve Arnold [enquanto lê Ulisses de James Joyce] (1954)


Marilyn Monroe por Eve Arnold (1954)


«Os desgostos da vida ensinam a arte do silêncio»
Séneca dixit

"Remade in Portugal" - Exposição

A exposição Remade in Portugal com peças de design ecológico de cerca de três dezenas de criadores portugueses pode ser visitada no Museu da Electricidade, sob o título A um Passo do Sonho.

Pela 3.ª vez consecutiva em Lisboa, a exposição surge este ano em contexto de crise global, e pretende chamar a atenção para a importância de hábitos de consumo responsáveis, o impacto do desperdício na sociedade e na natureza, além da criação de soluções sustentáveis para o futuro.

A iniciativa conta este ano com a participação exclusiva de artistas portugueses de várias áreas, desde as artes plásticas, design, arquitectura e moda como Carvalho Araújo, João Mendes Ribeiro, Nuno Sottomayor, Alda Tomás, Francisco Providência, Luís Buchinho, Maria Gambina, Naulila Luís, José Maria Cabral + José Manuel Resende (SOMA), Virgínio Moutinho, Nuno Cera, Joana Vasconcelos, Xana, Pedro Valdez Cardoso, Ana Marques, José Roque, Ricardo Desirat da Cunha, entre outros

Museu da Electricidade
Avenida Brasília - Edifício Central Tejo (Belém)
Até 13-09-2009

Terça a Domingo, das 10h às 18h
Entrada Livre

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Urra urra!!! - Pet Shop Boys em Portugal

Os britânicos Pet Shop Boys actuam a 25 de Novembro no Coliseu do Porto e a 26 no Campo Pequeno em Lisboa (de acordo com a produtora Media Capital Entertainment).
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Save the date!

O grupo editou em Março o álbum «Yes», que apresentará ao público português numa digressão europeia intitulada «Pandemonium on tour».

Para recordar o single de apresentação de «Yes», clicar aqui.

[A produtora Media Capital Entertainment entretanto comunicou que os concertos foram desmarcados... Que merda!!!!!!!!!]

domingo, 9 de agosto de 2009

Dias de verão

Não sei porquê, mas hoje lembrei-me do herói de sempre, Corto Maltese. Aqui fica ele.


Sundays


«»

Iris Apfel
O importante é não perder o estilo, e, se possível, não perder o dinheiro também. Porque o estilo sem dinheiro é uma infiltração do mau gosto.

Agustina Bessa-Luís dixit

sábado, 8 de agosto de 2009

“A Nova Aurora” - a minha opinião

Não encontro melhor forma de expressar o que sinto: fiz, definitiva e totalmente, as pazes com os Madredeus ao ouvir o mais recente álbum ”A Nova Aurora”.

Após 20 anos e um baú cheiinho de belas canções que pretendiam “viajar” pelo imaginário nacional e na voz doce de Teresa Salgueiro, a mesma decide começar uma carreira a solo.

Os Madredeus mantêm-se e com “A Banda Cósmica” e lançam “Metafonia”. Não obstante o referido álbum ter belas canções, o mesmo não cativou. Para além da aparente falta de unidade e de rumo, talvez o maior erro tenham sido as novas versões de alguns hinos do Grupo, como por exemplo ”O Mar” e “O Paraíso”… Não se pode mexer nas músicas gravadas com a voz da Teresa Salgueiro. Não resulta. É como pegar numa crónica do António Lobo Antunes e tentar dar-lhe um outro desfecho.

“A Nova Aurora”

No novo álbum volta a reconhecer-se o génio criativo de Pedro Ayres Magalhães e de Carlos Maria Trindade. Ao segundo álbum, é já notória a identidade que caracteriza a nova fase do Grupo.

Já não pairam os fantasmas do passado e o novo rumo e conceito são assumidos de forma exemplar. Estamos perante uma banda universal, cósmica, com músicas que são capítulos de uma bonita história: a história da humanidade. Fala-se da essência do ser, do big bang, da aproximação e do afastamento das pessoas, da dimensão celestial…

É clara a homogeneidade e ligação entre as músicas, as quais vão evoluindo e culminam na 11.ª com todos os instrumentos vivos e energia do Grupo, tal como sucede com o último capítulo de um bom livro.

Nota muito positiva para a maior presença da harpa (Ana Isabel Dias).

Tenho ouvido insistentemente o álbum. De todas as vezes que o ouço sou assaltado pelo estranho pensamento de que o Principezinho gostaria de também ouvir este disco enquanto passeia no seu asteróide B612… Talvez o ouça…

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Ler

Chega-se a ser grande por aquilo que se lê e não por aquilo que se escreve.

Jorge Luis Borges

vista

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

história do que nunca foi

«[...] Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso. [...]»

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Cultura de massas

Desconfio, por natureza, da cultura de massas, e angustiam-me os seus cada vez mais perfeitos métodos de controlo do seu poder de persuasão.

Jim Jarmusch dixit

A Nova Aurora

“A Nova Aurora”, o novo álbum dos Madredeus & A Banda Cósmica, é definido por Pedro Ayres Magalhães como uma história de seis biliões de pessoas, tem 11 canções que vivem separadamente, embora também pudessem consistir nas canções de um musical, duma peça teatral, ou dum filme.
Acrescenta ainda: Seria a história de seis biliões de pessoas, que se encontram a viver há muito pouco tempo num vasto e antigo universo, cuja natureza e dimensão só agora estão a descobrir. Como crianças, presumem a sua solidão e ambicionam viajar por esse universo, para o conhecer e tranquilizar a sua curiosidade vital, para encontrar alguém também consciente e acabar com a solidão da humanidade…, Mas essa viagem dura muito mais tempo do que o tempo de vida que cada um tem... Só que como a viagem já começou…, a história vai acabar bem.
É colocado à venda a partir de hoje.

Alinhamento:

1. Não Estamos Sós
2. Suspenso no Universo
3. A Trajectória do Afastamento
4. Noutra Dimensão
5. Águas do Céu
6. A Nova Aurora
7. Vai Sem Medo
8. Imaginar
9. Um Doce Canto
10. Rumo ao Infinito
11. Baloiçando nas Estrelas
Próximos concertos:

12 Setembro: Mora
26 Setembro: Faro
10 Outubro: Moita
17 Outubro: Seixal
30 Outubro: Caldas da Rainha
4 Dezembro: Figueira da Foz
5 Dezembro: Torres Novas

10 Dezembro: Leiria

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Receita fácil

"A alegria do que nos alegrou dura pouco. A dor do que nos doeu dura muito mais. Vê se consegues poupar a alegria e esbanjares o que te dói. Vive aquela intensamente e moderadamente. E atira a outra ao caixote."

Vergilio Ferreira in «Escrever»

Correspondência

Caro Bosie, Depois de muito ter esperado em vão, decidi-me a escrever-te, tanto para teu bem como para o meu, pois não gostaria de pensar que passei dois longos anos na prisão sem ter recebido um única linha tua, tão-pouco notícias ou mensagens, a não ser aquelas que me causam dor. (...)

Começa assim a longa carta que Oscar Wilde escreveu a Alfred Douglas. A carta foi escrita na prisão enquanto cumpria pena por "ultraje aos costumes" e nunca chegou a ser enviada porque não lhe foi permitido.

Acerca do livro, Albert Camus disse ser um dos mais belos livros que nasceram do sofrimento de um homem.

"Carta a Bosie"
Oscar Wilde
Editora: Vega