quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo!!!


Poderia ser um quadro de Hopper...

Inge Morath, Mapes Hotel, Reno, 1960
.
Esta foto expõe Miller e Marilyn à beira da ruptura: marido e mulher juntos num quarto de hotel, mas onde é visível a distância entre os dois.

A mim evoca-me o universo do meu tão admirado Edward Hopper…

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Infinitamente..........

"Eu pergunto-me se é possível entrevistar um escritor. Acho que não é porque ele é muita gente. E é muito difícil apanhar essa multidão toda."

António Lobo Antunes [RTP2, Por outro lado, 04.04.2006]

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

"Desiderata, a junção do bem": banda sonora de um filme que não existe

Está à venda o primeiro cd a solo de Francisco Ribeiro (antigo violoncelista dos Madredeus), intitulado “Desiderata, a junção do bem”. Consiste em 14 temas de nova música vocal, orquestral e de câmara. Utiliza sonoridades modais portuguesas, canto cigano/moçárabe, fado de Coimbra, e tem influência clássica, contemporânea, minimalista, new age e da film music. É música plena de imagens e que funciona como a banda sonora de um filme que não existe, mas que se existisse se intitularia ‘A Junção do Bem’.
Os temas/canções evocam algumas emoções e sentimentos em torno do amor: a memória/saudade, a obsessão, a rejeição, a perda, a procura, o uso de corpos-desejos, a entrega, a festa, a sacralidade, a paixão, o perdão. O ouvinte é convidado numa viagem e poderá identificar-se com um tema característico do classicismo – o do herói que desce ao sub-mundo para regressar vencedor no final. Existe a linha condutora de uma viagem das trevas para a luz, sendo o amor o veículo/solução e o tema principal.
Convidou José Peixoto para a guitarra acústica e a Orquestra Nacional do Porto para o resto dos instrumentos, o disco vive muito das vozes de Tanya Tagaq (que gravou com Bjork, por exemplo), Filipa Pais, Natália Casanova (magnífica voz dos extintos e saudosos Diva), José Perdigão e do próprio Francisco Ribeiro.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Sundays...

Homer Winslow [The New Novel] 1877

Assim, sim!!


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

porque é natal...



apesar de neste ano não sentir o chamado "espírito de natal", aqui ficam umas bonitas "árvores"...


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

[...]

Valha-nos isso!!!

sábado, 12 de dezembro de 2009

"(...) as palavras estão gastas.

Adeus."

Giselle

O bailado clássico surge muitas vezes ligado a espectáculos de tradição natalícia. "Giselle", que a Companhia Nacional de Bailado (CNB) estreia hoje, pelas 21 horas, no Teatro Camões, em Lisboa, não foge à regra e é um dos muitos eventos.

"Giselle" enfrenta, assim, a concorrência de outras obras célebres, sendo que a coreografia desta peça, que marca o apogeu da nova estética romântica que agitava o mundo intelectual e artístico de finais do século XIX, é um verdadeiro teste à capacidade técnica e interpretativa dos bailarinos.

Ana Lacerda, que dá, uma vez mais, alma à protagonista, diz que, em cada remontagem, há sempre coisas a descobrir. "Já é a terceira vez que danço 'Giselle' e de cada vez há sempre coisas novas a descobrir, novos desafios que nos são colocados enquanto intérpretes. É engraçado porque cada remontagem acaba por funcionar como se fosse a primeira", explica a bailarina principal da CNB.

Para Ana Lacerda, "não importa há quanto tempo já estamos familiarizados com uma coreografia. Há sempre coisas a aprender".

A coreografia que a CNB leva ao palco do Teatro Camões, onde tem agendados mais sete espectáculos (dias amanhã, domingo e dias 17, 18, 20, 22 e 23 deste mês), tem coreografia do cubano Georges Garcia, segundo o que, em 1841, foi apresentado por Jean Corelli, na Ópera de Paris, onde este bailado estreou.

Ana Lacerda fala da música maravilhosa composta por Adolph Adam (que será interpretada, ao vivo, pela Oquestra Sinfónica Portuguesa, sob direcção de Geoffrey Styles) e da história romântica que Giselle conta. Não obstante já ter dançado várias vezes esta coreografia, a bailarina lembra que este é um "ballet" que sublinha o enorme êxito que a peça conheceu. "Basta ver como ela está, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, integrada no reportório de grande companhias internacionais".

Quando o pano sobe, o cenário remete os espectadores para uma pequena aldeia do Reno, no tempo das vindimas, frente à casa onde mora Giselle. É neste espaço que surge o Duque de Silésia, que se disfarça de aldeão adoptando o nome de Loys e que, deste modo, corteja a jovem, não obstante estar noivo da altiva Batilde. O seu guarda de caça, Hilarion, também apaixonado por Giselle, acaba por descobrir a trama e denuncia o logro.

A história do bailado responde ao gosto da época pelo fantástico, pelo irreal, pelas emoções fortes. Um desafio para quem, em palco, ao longo de mais de duas horas, dá vida a todas estas personagens, dançando em pontas.

A personagem de "Giselle" está entre as preferidas de Ana Lacerda, a par de "Julieta" ou de "A Dama das Camélias". "Ser bailarina é uma profissão tão emocional, tão especial e tão rara que é uma pena que não se dê o devido valor e que muitas vezes não se respeite o nosso trabalho", lamenta .

Ana Lacerda iniciou-se aos cinco anos, tendo passado pela extinta escola de bailado da Companhia Nacional de Bailado, então sedeada no Teatro Nacional de São Carlos. Não obstante ter tido hipótese de fazer carreira no estrangeiro, optou por continuar a dançar em Portugal.

Fonte: JN

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

domingo, 6 de dezembro de 2009

"Whislist"

:-)

Livros, livros, livros

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro

Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso (E, sem dúvida, sobretudo o verso)
o que pode lançar mundos no mundo. Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas (Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou o que é muito pior por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Solidariedade nas Livrarias Almedina

Quer oferecer um livro?

Ofereça-o à Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro. Em todas as lojas Almedina encontra um espaço onde pode depositar os livros que trouxer ou adquirir.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Névoa


Em 1914, Mário de Sá-Carneiro escreveu:
.
"Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro."
.
Em 2009, o Artur Lourenço consegue transmitir o mesmo através desta magnífica foto. Pode ficar-se a olhar e quase ver o nevoeiro a passar. Gostei. Muito

Fumar mata


Referendos & afins

A última crónica do gato fedorento mais famoso é excepcional. Ora leiam:
"Confesso que não sei se as pessoas nascem com essa característica ou se optam por adoptar o comportamento desviante que a Bíblia, aliás, condena - mas, na minha opinião, os canhotos não deveriam poder casar. Nem adoptar crianças. Um casal de pessoas, digamos, normais, acaricia a cabeça dos filhos como deve ser, da esquerda para a direita. Os canhotos acariciam da direita para a esquerda, o que pode ter efeitos perversos na estrutura emocional das crianças. Na verdade, sou contra a adopção por casais heterossexuais em geral, sejam ou não canhotos. Atenção: não tenho nada contra os heterossexuais. Tenho muitos amigos heterossexuais e eu próprio sou um. Mas não concordo que possam adoptar crianças. Em primeiro lugar, porque é contranatura. Quando olhamos para a natureza, não vemos casais de pardais ou de coelhos a adoptarem crias de outros. Pelo contrário, esforçam-se por colocar as suas crias fora do ninho ou da toca o mais rapidamente possível. Ou usam as suas próprias crias para produzir novas crias. Mas não adoptam. Provavelmente, porque sabem que é contranatura. Por outro lado, a adopção por casais heterossexuais pode condicionar a sexualidade das crianças. Todos os homossexuais que conheço são filhos de casais heterossexuais. A influência de heterossexuais tem, por isso, aspectos nefastos que merecem estudo cuidadoso. Por fim, há a questão do estigma social. Suponhamos que uma criança adoptada por um casal heterossexual é convidada para ir a casa de um colega adoptado por um casal de homens. Como é que o miúdo que foi adoptado por heterossexuais se vai sentir quando perceber que a casa do colega está muito mais bem decorada do que a dele?

Quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, mais do que ser a favor de um referendo, sou a favor de vários. Creio que o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser referendado caso a caso. O Fernando e o Mário querem casar? Pois promova-se uma grande discussão nacional sobre o assunto. A RTP que produza um Prós e Contras com cidadãos de vários quadrantes que se posicionem contra e a favor da união do Fernando e do Mário. Organizem-se debates entre o Mário e os antigos namorados do Fernando, para que o povo português possa ter a certeza de que o Fernando está a fazer a escolha certa. E depois, então sim, que Portugal vá às urnas decidir democraticamente se concede ao Mário a mão do Fernando em casamento. E assim para todos os matrimónios. Se o objectivo é metermo-nos na vida dos outros, façamo-lo com o brio que essa nobre tarefa merece.

Defendo, portanto, uma abordagem especialmente cautelosa desta questão. Sou muito sensível ao argumento segundo o qual, se permitirmos o casamento entre pessoas do mesmo sexo, teremos de legalizar também as uniões dos polígamos. E sou sensível porque, como é evidente, não posso negar que me vou apercebendo da grande movimentação social de reivindicação do direito dos polígamos ao casamento. Parece que já temos entre nós vários muçulmanos, grandes apreciadores da poligamia. E eu não tenho homossexuais na família, nem entre os meus amigos, mas polígamos, muçulmanos ou não, conheço umas boas dezenas. Se toda esta massa poligâmica desata a querer casar, receio que os notários fiquem com as falangetas em carne viva, de tanto redigirem contratos de união civil. Mas, felizmente, confio que os polígamos sejam, também eles, sensíveis à mais elementar lógica: a poligamia é uma relação entre uma pessoa e várias outras de sexo diferente. A reivindicarem a legalização das suas uniões, fá-lo-iam a propósito do casamento entre pessoas de sexo diferente, com o qual têm mais afinidades. A menos que se trate de poligamia entre pessoas do mesmo sexo. Mas, segundo o Presidente do Irão, parece que entre os muçulmanos não há disso."
Ricardo Araújo Pereira, Visão