sábado, 12 de dezembro de 2009

Giselle

O bailado clássico surge muitas vezes ligado a espectáculos de tradição natalícia. "Giselle", que a Companhia Nacional de Bailado (CNB) estreia hoje, pelas 21 horas, no Teatro Camões, em Lisboa, não foge à regra e é um dos muitos eventos.

"Giselle" enfrenta, assim, a concorrência de outras obras célebres, sendo que a coreografia desta peça, que marca o apogeu da nova estética romântica que agitava o mundo intelectual e artístico de finais do século XIX, é um verdadeiro teste à capacidade técnica e interpretativa dos bailarinos.

Ana Lacerda, que dá, uma vez mais, alma à protagonista, diz que, em cada remontagem, há sempre coisas a descobrir. "Já é a terceira vez que danço 'Giselle' e de cada vez há sempre coisas novas a descobrir, novos desafios que nos são colocados enquanto intérpretes. É engraçado porque cada remontagem acaba por funcionar como se fosse a primeira", explica a bailarina principal da CNB.

Para Ana Lacerda, "não importa há quanto tempo já estamos familiarizados com uma coreografia. Há sempre coisas a aprender".

A coreografia que a CNB leva ao palco do Teatro Camões, onde tem agendados mais sete espectáculos (dias amanhã, domingo e dias 17, 18, 20, 22 e 23 deste mês), tem coreografia do cubano Georges Garcia, segundo o que, em 1841, foi apresentado por Jean Corelli, na Ópera de Paris, onde este bailado estreou.

Ana Lacerda fala da música maravilhosa composta por Adolph Adam (que será interpretada, ao vivo, pela Oquestra Sinfónica Portuguesa, sob direcção de Geoffrey Styles) e da história romântica que Giselle conta. Não obstante já ter dançado várias vezes esta coreografia, a bailarina lembra que este é um "ballet" que sublinha o enorme êxito que a peça conheceu. "Basta ver como ela está, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, integrada no reportório de grande companhias internacionais".

Quando o pano sobe, o cenário remete os espectadores para uma pequena aldeia do Reno, no tempo das vindimas, frente à casa onde mora Giselle. É neste espaço que surge o Duque de Silésia, que se disfarça de aldeão adoptando o nome de Loys e que, deste modo, corteja a jovem, não obstante estar noivo da altiva Batilde. O seu guarda de caça, Hilarion, também apaixonado por Giselle, acaba por descobrir a trama e denuncia o logro.

A história do bailado responde ao gosto da época pelo fantástico, pelo irreal, pelas emoções fortes. Um desafio para quem, em palco, ao longo de mais de duas horas, dá vida a todas estas personagens, dançando em pontas.

A personagem de "Giselle" está entre as preferidas de Ana Lacerda, a par de "Julieta" ou de "A Dama das Camélias". "Ser bailarina é uma profissão tão emocional, tão especial e tão rara que é uma pena que não se dê o devido valor e que muitas vezes não se respeite o nosso trabalho", lamenta .

Ana Lacerda iniciou-se aos cinco anos, tendo passado pela extinta escola de bailado da Companhia Nacional de Bailado, então sedeada no Teatro Nacional de São Carlos. Não obstante ter tido hipótese de fazer carreira no estrangeiro, optou por continuar a dançar em Portugal.

Fonte: JN

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