terça-feira, 14 de outubro de 2008

Orpheu


A Revista Orpheu foi publicada em Portugal em 1915 e foi fundada por Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, e outros amigos, como Almada Negreiros e Luís de Montalvor, representa o marco inicial do Modernismo em Portugal. A publicação revela nomes como Santa-Rita Pintor e Ângelo de Lima, poeta marginal internado em manicómio. A revista pretendia ser trimestral, mas apenas foram publicados duas edições, em Março e Junho de 1915. O terceiro número, apesar de preparado, não chegou a ser publicado.

Primeiro número - Março de 1915

No primeiro número desta revista colaboram Luís de Montalvor, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Alfredo Pedro Guisado, Almada Negreiros, Armando Côrtes-Rodrigues e José Pacheco, o responsável pela direcção gráfica. Faz também parte deste primeiro número da revista, enquanto seu editor, António Ferro. No final da introdução a esta primeira edição, assinada pelo seu director Luís de Montalvor, o grupo manifesta o propósito de ir ao encontro de alguns desejos de bom gosto e refinados propósitos em arte que isoladamente vivem por aí, convictos de que a revista, pelo seu carácter inovador, revela um sinal de vida no ambiente literário português e o desejo, por parte do público leitor de selecção, de mostras de contentamento e de adesão para com este projecto literário.

Se da parte dos leitores de selecção, esta primeira edição encontrou mostras de carinho e de contentamento, no público em geral causou grande escândalo e polémica. A revista abalou decididamente o ambiente literário português pela ousadia e vanguardismo dos textos que nela se reuniram. Foi, sem dúvida, um sinal de vida que rompeu com as tradições literárias e significou o advento do modernismo no nosso país. O próprio Pessoa, em carta a Armando Côrtes-Rodrigues, revela o sucesso da revista e o escândalo que esta provocou, nomeadamente pelo poema 16 de Mário de Sá-Carneiro e a Ode Triunfal, de Álvaro de Campos heterónimo de Fernando Pessoa.

Segundo número - Junho de 1915

Do segundo número da revista, dirigido por Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, constam textos de Ângelo de Lima, Mário de Sá-Carneiro, Raul Leal, Violante de Cysneiros, Luís de Montalvor, Fernando Pessoa e Álvaro de Campos. Esta edição conta ainda com a colaboração de Santa-Rita Pintor.

Terceiro número

O terceiro número da revista não passou, por falta de financiamento, da fase das provas de página. Para este número estavam previstos textos de Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Albino Menezes, Augusto Ferreira Gomes, Almada Negreiros e de Castello Moraes. Assim como colaboração artística de Amadeo de Souza-Cardoso.

Para além da falta de dinheiro para a continuidade do projecto, o grupo do Orpheu em breve se vê desagregado, para o que contribuiu o suicídio de Mário de Sá-Carneiro (1916), de Santa-Rita Pintor e de Amadeo de Souza-Cardoso (1918), e o afastamento de António Ferro, que fora editor dos dois primeiros números da revista.

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