[...] porque estás triste? Não estou. Vou à janela da marquise, olho em baixo as árvores trémulas de luz - gosto tanto desta música. Ouvi-la até me entrar no sangue, por que estás triste? E como se de o não saber, mais triste assim. Oh, não, melancolia, agora não. Ser simplesmente um homem. Com alegorias pequenas e grandes, chatices quotidianas e das que dão a volta à vida toda - na coragem simples de existires. Mas esta súbita solidão, instantâneo o desamparo a toda a roda em deserto. Os bons propósitos, pois, os bons propósitos. São sempre despropositados. Sente-se com o corpo todo e com tudo o que está nele. Mas pensa-se com um mecanismo qualquer independente que se compra nas lojas do pensar. Excepto se. Não penses. De qualquer modo, de novo no sofá - e que hei-de eu fazer? Pensar [...]
Vergilio Ferreria
Vergilio Ferreria
Rápida, a sombra (excerto)
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