domingo, 1 de novembro de 2009

Acerca dos livros mal-amados

Eu que tenho uma tendência para não gostar de best-sellers (apenas pelo facto de o serem) e desconfiar da generalidade dos livros que ocupam teimosamente os tops durante mais que 2 semanas, a crónica semanal do José Luís Peixoto na Time Out caiu-me que nem ginjas…
“(…) Existe um mundo que pertence apenas aos livros de que ninguém fala. É feito de tudo, como o outro mundo, como este, e, às vezes, é feito de uma descoberta íntima, uma aldeia fora do mapa, uma casa a que se regressa mesmo que seja pela primeira vez. Como um segredo.

É bom apaixonarmo-nos, recebermos tudo quando nos oferecemos. Os livros de que ninguém fala exigem-nos apenas isso: paixão, que sejamos capazes de acreditar, de tentar mais uma vez e sempre.”

José Luís Peixoto, in Time Out, n.º 109

9 comentários:

Diário de Lisboa disse...

o mesmo se passa com tantas outras coisas não é? Mas, aqui entre nós, confesso que também gosto dos best - sellers não por o serem mas porque por vezes também são bons livros.Ou como diz Lobo Antunes porque por vezes também gosto de ler maus livros...
Confesso que estou desejoso de ler o novo do Dan Brown e que estou sempre ansioso por um novo livro do George RR Martin.
Mas tu e o JLP têm toda a razão e o prazer da descoberta, de alguma coisa que não se encontra facilmente ou que não nos metem á frente, é uma coisa fantástica.
Abraço.

Rui Sousa disse...

pois, é bem verdade... acaba por ser uma metáfora com aplicação a muitas situações.

claro, eu tb! há livros que estão nos tops e que são bons! não é por serem best-sellers que deixam de ter qualidade...

mas na generalidade dos casos, não passam de "fast-food" literária...

Diário de Lisboa disse...

Completamente de acordo. Quando me referia aos best-sellers não me referia a todos, claro. Seria incapaz de ler 95% deles .Na sua maioria são uma "pastelice".
Abraço

SHARP disse...

Bom, nesta vida já encontrei de tudo, do menos ao mais conhecido. As boas e más surpresas foram em ambos os lados, não sou influenciado pela critica nem tão pouco tenho ídolos. Simplesmente sigo um caminho, como os dos livros, que nunca se sabe onde irá parar.
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Rui Sousa disse...

...
também tento não me deixar influenciar pela crítica.

em relação aos meus escritores favoritos, não sou mesmo NADA influenciável. leio e pronto.

em relação a "novos escritores",a crítica pode despertar a vontade da descoberta, ou não...

enfim, a verdade é que como o tempo é escasso e os livros proliferam, são necessários mecanismos de filtragem e de escolha...

abraços.

SHARP disse...

... plenamente de acordo. o mundo é tão extenso que por vezes dá vontade de absorve-lo, não tendo nós essa capacidade temos de fazer escolhas...

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Rui Sousa disse...

despertaste a "passagem das horas" do Àlvaro de Campos:

"(...)
Seja como for a vida,de tão interessante que é a todos os momentos,
a vida chega a doer,a enjoar,a cortar,a roçar,a ranger,
a dar vontade de dar pulos,de ficar no chão,
de sair para fora de todas as casas,
de todas as lógicas,de todas as sacadas,
e ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos."

SHARP disse...

Obrigado Rui, conseguiste sem querer, fazer-me arrepiar de comoção...

Embalo na "passagem das horas" até ao fim...

:-)

Vera disse...

Gostei deste post, porque também eu tenho aluma má vontade contra os best sellers. Prefiro sempre escolher um autor novo, um autor daqueles que raramente se ouve falar, um livro que acaba de sair e que não vai transformar-se na capa mais vista nas toalhas de praia durante o verão ;-) porque é bom descobrir o desconhecido, fazer parte dos diferentes!
Este blogue vai ser linkado ao Vekiki ;-)