sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O mundo aqui tão perto

Juan José Millás sempre quis ser leitor. Afinal, nunca quis ser escritor.

Tornou-se escritor, mas continuou a ler muito e conheceu outros mundos, que nos dá agora a ler em “O Mundo”, uma autobiografia ficcionada. Tudo começou quando o "El País" lhe pediu uma reportagem sobre si próprio, a qual nunca foi escrita. Em vez disso, saiu um "romance" em que a personagem principal é ele e a sua obra.
Diz-se que enquanto se lê "O Mundo", somos constantemente confrontados com a nossa falta de mundo. Se calhar é verdade. Se calhar é disso que precisamos. Se calhar é um dos melhores livros de 2009.

Alguns excertos:

"Há livros que fazem parte de um plano e livros que, tal como um carro que passa no semáforo encarnado, se atravessam violentamente na nossa existência".
"Todo o livro é, de certo modo, uma ferida e a sua cicatriz ao mesmo tempo”.
"Estava tudo estragado. Quando eu nasci, o mundo ainda não estava estragado, mas não demoraria a estar. Sou o quarto de uma família de nove".
"Quando comecei a escrever, já estava tudo estragado: estragadas as vidas dos meus pais, isso era evidente, e estragadas as nossas, pois tínhamos sido violentamente arrancados da classe social e do lugar a que pertencíamos".
"Eu não era um deles. Eu não era dali. Mas de onde era?".
"Quando escrevo à mão, num caderno, como agora, acho que me pareço um bocado com o meu pai quando estava a experimentar o bisturi eléctrico, pois a escrita abre as feridas e cauteriza-as ao mesmo tempo".

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sputnik (I)

Sputnik
O Sputnik foi o primeiro satélite artificial da Terra e foi lançado pela União Soviética a 4 de Outubro de 1957. O Sputnik era uma esfera com cerca de 58,5 cm e com um peso de 83,6 kg. A função básica do satélite era transmitir um sinal de rádio, "beep", que podia ser sintonizado por qualquer radioamador nas frequências entre 20,005 e 40,002 MHz, emitidos continuamente durante 22 dias até que as baterias do transmissor se esgotaram a 26 de Outubro de 1957.
Antes de cair, o satélite orbitou a Terra durante seis meses.

Fonte: Wikipedia (adaptado)

Sputnik (II)


Sumire, uma aspirante a escritora, apaixona-se platonicamente por Miu (mulher misteriosa e muito rica), que tem um negócio de importação de vinho e que estudou piano clássico em França. O narrador é um professor primário que, por sua vez, ama silenciosamente Sumire.

Sputnik surge de um mal-entendido inicial entre as duas mulheres, uma fala em Jack Kerouac, outra confunde beatnick com sputnik

A palavra russa sputnik significa "companheiro de viagem". Com efeito, a demanda, a busca de algo inatingível, são temas do livro (aliás, são temas transversais à Obra de Murakami).

Murakami concilia a simplicidade da escrita com a densidade das personagens. Dois pequenos excertos:

O gelo é frio e as rosas são vermelhas. Estou apaixonada. E este amor vai decerto arrastar-me para longe. A corrente é demasiado forte, não tenho escolha possível. Mas já não posso voltar atrás. Só posso deixar-me ir com a maré. Mesmo que comece a arder, mesmo que desapareça para sempre.

Foi a partir daqui que tudo começou, e foi a partir daqui que (quase) tudo acabou.

Post dedicado ao Hugo. Talvez o incentivo que faltava para leres o Sputnik, meu amor do Haruki Murakami (Casa das Letras)... Hugo, podes ainda ver o meu post de 1 de Fevereiro :-))

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

South of the Border West of the Sun


O lançamento do livro South of the Border, West of the Sun do Haruki Murakami está para breve, a 3 de Março!

O título em português é A Sul da Fronteira, A Oeste do Sol, e tem a chancela da Casa das Letras.

Uma breve sinopse:

Na 1ª semana do 1º mês do 1º ano da 2ª metade do século XX, é dado o nome de Hajime (significa «início») ao protagonista do livro. Filho único de uma normal família japonesa, Hajime vive numa província. Nos seus tempos de adolescente faz amizade com Shimamoto, com quem reparte interesses pela leitura e pela música. Juntos, têm por hábito escutar a colecção de discos do pai dela, sobretudo «South of the Border, West of the Sun», tema de Nat King Cole que dá título ao romance.

O destino faz com que os dois sejam obrigados a separar-se. Os anos passam, mas a lembrança de Shimamoto permanece viva, tanto como aquilo que poderia ter sido como aquilo que não foi. De um dia para o outro, 20 anos mais tarde, Shimamoto reaparece na vida de Hajime. Para além de ser uma mulher de grande beleza e rara intensidade, a sua simples presença encontra-se envolta em mistério. Da noite para o dia, Hajime vê-se catapultado para o passado, colocando todo o seu presente em risco.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Impossível perfeição

O que se tem dito acerca de Ofício Cantante – Poesia Completa de Herberto Helder (ver também o meu post de 20 de Janeiro):

Poema após poema, vemos ainda intacta a força inicial de Herberto, a herança surrealista, as enumerações exaltadas, o quase versículo, a ferocidade e majestade destas elegias e hinos, in Público

É uma totalidade real e mítica, há meio século a marcar a poesia portuguesa, perseguindo as palavras até à impossível perfeição do universo, in Visão

A poesia completa de Herberto Helder é um poema em contínua expansão, à beira do excesso e do abismo, in Expresso

O tempo e o modo


Alguns execrtos de uma obra do já saudoso António Alçada Baptista. Para ler devagar.

Ela dizia que nem sempre se encontra a felicidade mas que é sempre possível procurar a serenidade. (...) fazia da sua vida uma arte: uma escultura que ia sempre aperfeiçoando com os seus actos como se o nosso destino fosses talhar com unidade o pedaço de madeira tosca que tinham feito de nós.

Os livros são bons porque, sempre que nos sentimos sós e não temos coisas para dizer a nós mesmos, podemos falar com eles. Sabes, eu acho que as pessoas desejam viver muito e vivem pouco. Com os livros, a gente sempre faz viagens, conhece as pessoas, aprende a integrar-se e tem oportunidade de viver e de sentir coisas que a vida não lhe deu. Outras vezes penso o contrário, que os livros entretêm a nossa fome de viver e se calhar disfarçam e adiam a obrigação que temos de pensar a vida.

A solidão pesa porque é muito difícil ver a beleza sozinho (...).

Andamos durante muito tempo enganados e a maior parte das pessoas não chega a dar pelo engano. O pior, para aqueles que deram por isso, é que, quando estamos quase a aprender a viver, morremos...

António Alçada Baptista - Tia Suzana, meu amor

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Brevemente...


Ensaios, pré-produção, momentos de “Matriz”…

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Cativar

(...)
– Anda brincar comigo – pediu-lhe o principezinho. - Estou triste...
– Não posso ir brincar contigo – disse a raposa. – Ainda ninguém me cativou...
(...)
– «Cativar» quer dizer o quê? – Perguntou o principezinho?
– É a única coisa que toda a gente se esqueceu – disse a raposa. - Quer dizer criar laços…
– «Criar laços»?

- Sim, laços – disse a raposa. – (…) se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti…
(…)
- E tenho de fazer o quê? - Perguntou o principezinho.
- Tens de ter muita paciência – respondeu a raposa. - Primeiro, sentas-te longe de mim…assim…na relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não me dizes nada. As palavras são uma fonte de mal-entendidos. Mas podes sentar-te cada dia um bocadinho mais perto...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Harmonia

Midsummer Night's Dream, CNB
Momentos há em que beleza e perfeição acontecem inesperadamente.

Momentos há em que beleza e perfeição acontecem naturalmente.

Tal
como
quando
Ana Lacerda
dança.

A cidade como espaço do vazio

«Criaturas, seguindo Ruy Belo

Reunidos em torno da revista Criatura, Diogo Vaz Pinto, Hugo Roque e Pedro Jordão são, em maior ou menor grau, extremamente atentos à possibilidade de sentido que o literal pode fazer deflagrar no poema. Cenários urbanos, cafés, bares, discotecas, mas também a Bíblia, Deus, paisagens industriais, uma total (propositada?) ausência da rima, mas uma curiosa impressão rítmica fazem destes três poetas vozes muito originais que, esperemos, não se tornem epígonos de uma qualquer tendência meramente literal.
[…]
Já em Hugo Roque qualquer coisa de Cesário parece reencontrar-se connosco. Baudelaire e Hart Crane são leituras que se pressentem. Também Roque nos vem falar do dióxido de carbono social, da cidade como espaço do vazio, do quotidiano mais ignóbil porque exausto. Neste poeta, em cujos poemas há a tentação da quadra, ou do poema vertical, atomizado, à Carlos de Oliveira, igualmente se indicia a ironia deceptiva à O'Neill: «Estou demasiado cansado/ agora que dormi horas a mais/ estou com tempo/ ia bem um lanche ao final da tarde/ à noite uma peça de teatro/ que já faz tanto tempo [...]». Todavia, Hugo Roque (n. 1978) é, parece-nos, um trabalhador do verso, um cinzelador não de palavras, mas das sensações: uma extenuação, um abatimento, a recordação do tempo, a certeza de estarmos em tempos do fim farão de Hugo Roque um autor a seguir com toda a atenção.
[…]
Estes rios vão desaguar onde? Lirismo, ou haverá outro caminho?»

António Carlos Cortez, in Jornal de Letras n.º 1001

Espelho em negativo

Ontem, motivado por uma vontade (e talvez necessidade) de evasão (…), fui à estante e retirei "As Cidades Invisíveis" do Calvino. Para quem ainda não o leu, aconselho que o faça.

O livro assemelha-se a um conjunto de 55 mini-contos (1-2 páginas) que pretendem, cada um deles, descrever cidades (ideais, oníricas, fantásticas, surreais, perdidas, fascinantes, impossíveis, invisíveis). São relatos feitos por Marco Polo a Kublai Kan (rei dos mongóis) acerca das suas viagens.

No fim de cada descrição, fica a vontade de as conhecer melhor, de passear por elas, de as fotografar, de nos sentarmos numa qualquer esplanada ao fim da tarde… ou então, para que a magia não se acabe, de as olhar apenas de relance para que se não desmoronem…

Aqui fica um excerto:

- Viajas para reviver o teu passado? - era agora a pergunta do Kan, que também podia ser formulada assim:
- Viajas para achar o teu futuro?
E a resposta de Marco Polo:
- O Algures é um espelho em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu, descobrindo o muito que não teve nem terá.


PS: se alguém descobrir a localização de uma delas, por favor diga-me. Já tenho a mochila pronta, com um bloco de notas e um exemplar de “As cidades invisíveis”.

Obra redonda

Prestes a publicar mais um livro (Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar?), em entrevista ao DN:

"... Mais dois anos e calo-me. Calo-me de vez, já chega. Só queria deixar a obra redonda."

"… Vou publicar este livro que acabei agora e escrever um último livro para arredondar a obra. Essa é a minha ideia. Depois, nessa altura, quando sair esse livro que arredonda, que eu penso que me levará dois anos de trabalho - se conseguisse começá-lo este ano -, acabam os romances, acabam as crónicas, acaba tudo e não publico mais nada. A minha voz falada ou escrita já não se ouvirá mais."
Esperemos que não seja verdade, e que a obra não pare. Afinal de contas, qual a importância de a obra ficar redonda?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Vice-Royale. Vain-Royale. Vile-Royale.


Vice-Royale Vain-Royale Vile-Royale é um tríptico. Uma performance que convoca as linguagens conceptuais e emocionais da dança, do cinema, da música e da poesia.

Nova criação da coreógrafa Sónia Baptista, Vice-Royale. Vain-Royale. Vile-Royale, a ver hoje e amanhã na Culturgest. A canção foi o mote para a criação da primeira personagem da peça - interpretada por Sónia Baptista e Rogério Nuno Costa - que junta três figuras femininas. São três mulheres bizarras, que vêm de uma espécie de universos paralelos e de um tempo que não é linear.
O palco está vazio, apenas com um microfone. A tela de projecção de vídeo funciona como um grande objecto de cena. A partir daí as personagens, no palco e na imagem, revelam ao público os seus imaginários. São apresentados três filmes (Rui Ribeiro) mudos e ilustrativos da vivência das três mulheres, fazendo uso de múltiplos objectos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Luz

Morro quando se apagam as luzes e só ressuscito pensando que amanhã voltarei a dançar
Rudolf Nureyev (1938-1993)
Aos 17 anos entrou para o Ballet Kirov (Leninegrado), terminando o curso em 1958. Tornou-se então coreógrafo e dançarino da companhia do Kirov. Actuando com a companhia em Paris, em 1961, conseguiu iludir a segurança soviética e pedir asilo à França. A partir daí, percorreu vários países ocidentais, juntando-se ao elenco do Royal Ballet de Londres como artista convidado. O seu par preferido era Margot Fonteyn, com quem interpretou várias peças. Naturalizou-se austríaco em 1982. Entre 1983 e 1989 foi director de dança da Ópera de Paris.

Darwin (1809-2009)

A Fundação Calouste Gulbenkian vai assinalar os 200 anos do nascimento de Charles Darwin e, simultaneamente, a passagem de 150 anos sobre a publicação da obra A Origem das Espécies com uma exposição intitulada A Evolução de Darwin, a realizar entre 12 de Fevereiro e 24 de Maio de 2009.
A ver!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Aquando da chegada. Momento único e mágico.

...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Mar de solidão

«(…)
- O barulho do mar e do vento. A montanha, a ideia da montanha impraticável. E depois a terra arenosa por ali fora. E a solidão. E sentir sobretudo que já não pode haver medo. Fecho as portas da casa, a porta de saída e as portas dos quartos entre si. E fico no quarto sem soalho e deito-me no chão. Ouço o mar e o vento à frente e atrás da montanha solitária e poderosa. Depois encosto a cara à terra profundíssima para escutar o seu húmido sussurro atravessando-a toda e passando por mim. E então poderei morrer.»

Herberto Helder, Os Passos em Volta (excerto), Ed. Assírio & Alvim

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Da actividade de ler

Se ainda havia dúvidas, as mesmas desvaneceram-se de vez!

Um estudo da Washington University revela que a leitura não é uma tarefa passiva. Durante o acto da leitura, o cérebro imita as situações encontradas na narrativa. Cria simulações mentais de cada som, cenário, sabor ou movimento descritos que utilizam as mesmas regiões cerebrais que uma pessoa utilizaria quando faz, imagina ou observa situações semelhantes no mundo real.

O estudo será publicado na revista cientifica Psychological Science brevemente.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

As horas, sempre as horas...

Compositor americano. Faz música minimalista. E bem.

Tem produzido inúmeros trabalhos, entre óperas, sinfonias, concertos e bandas sonoras, além da colaboração com outros músicos. Nas bandas sonoras, destaque para “As Horas”.

Quem tem medo arranja ... um gato

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

AMJAD pela La La La Human Steps

AMJAD do coreógrafo Édouard Lock. Para ver hoje à noite no CCB.

“Mesmo aqueles que não se sintam familiarizados com estas peças, recordarão de imediato os seus temas”, diz Lock. Inspirando-se em referências comuns a todos os bailados, como o Lago dos Cines ou A Bela Adormecida, o coreógrafo fundador e director da companhia canadiana La La La Human Steps desconstrói algumas passagens destes bailados numa nova linguagem que conjuga tradição e contemporaneidade.

Companhia de coreografias ecléticas, questiona em Amjad a memória cultural colectiva. A acompanhar Édouard Lock, está o compositor David Lang que, com o seu trabalho de reorquestração dos clássicos, nos surpreenderá ao confrontar as melodias do passado com os ritmos acelerados dos nossos dias.
Obrigado André!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Caos calmo

Após a morte inesperada da mulher, Lara, Pietro é acometido de uma estranha mistura de caos e calma. Pietro não estava em casa quando Lara morreu. Estava na praia, com o irmão, a salvar uma desconhecida de morrer afogada. Claudia, a filha, estuda no 5.º ano e Pietro resolve esperar por ela no carro depois de a levar à escola no primeiro dia de aulas após a morte da mãe. Continua a fazer o mesmo nos dias que se seguem. Sentado num banco de jardim, à espera que a dor se abata sobre si, a tentar perceber como pode proteger Claudia. Amigos, colegas e familiares aparecem para confortá-lo, mas acabam a falar das suas próprias dores e problemas. E, sentado naquele banco, a observar o que o rodeia, Pietro sente a sua vida e as suas prioridades a mudarem.
Realizado por Antonello Grimaldi, Caos Calmo é protagonizado pelo actor e realizador Nanni Moretti, que colaborou também na adaptação do argumento, escrito a partir do premiado romance de Sandro Veronesi.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Simplicidade

I
Quando se pergunta porque é que determinado quadro de Picasso está a verde, às vezes é por que o encarnado se tinha acabado. Não vale a pena ir mais longe.
II
O que eu queria era pôr a vida toda entre as capas de um livro.

Angústia do homem no tempo

Excerto de uma entrevista aquando da apresentação de Que farei quando tudo arde? em Nova Iorque.

-Qual a inspiração para Que fazer quando tudo arde?
-Não gosto desta palavra. Isso não existe.
-O que há de errado com a palavra inspiração?
-Parece uma iluminação, uma coisa divina não gosto.
-Certo. Como surgiu então a história que está contada neste livro?
-Não conto histórias, eu escrevo.
-Mas a história não tem origem?
-Não sou naturalista, já há muita gente a fazer isso, não conto histórias. Escrevo sobre a angústia do homem no tempo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A ler

Aqui ficam mais 3 novidades editoriais para 2009 (pela minha ordem de preferência...):

1) "Patagónia Revisitada" de Bruce Chatwin e Paul Theroux (Quetzal). Já agora, para quem ainda não leu “Na Patagónia” do mesmo autor, aconselho vivamente. Muito mais que um livro de viagens.

2) “Que Cavalos São Aqueles que Fazem Sombra no Mar?" de António Lobo Antunes (Dom Quixote)

3) "Contos dispersos" de Flannery O'Connor (Cavalo de Ferro)

My Arms Around Paris

O primeiro single do novo álbum do Morrissey (Years of Refusal - ver o meu post de 31 de Dezembro) chama-se I'm Throwing My Arms Around Paris e tem letra do próprio :-)).

Sai dia 9 de Fevereiro. Enquanto que na capa de Years of Refusal, Morrissey aparece com um bebé nos braços, na capa do primeiro single, Morrissey e os membros da banda aparecem nus. De acordo com o Ipsilon, “com provas de ginásio num corpo que durante a década de 80 era, todo ele, fragilidade e androginia”.

A avaliar pela letra do single, será vasta a dimensão poética do álbum. Ora vejam.

I'm Throwing My Arms Around Paris

In the absence of your love
And in the absence of human touch
I have decided
I’m throwing my arms around, around Paris
Because only stone and steel accept my love.

In the absence of your smiling face
I traveled all over the place
And I have decided
I’m throwing my arms around, around Paris
Because only stone and steel accept my love
I’m throwing my arms around, around Paris
Because only stone and steel accept my love.

I’m throwing my arms around Paris
Because nobody wants my love
Nobody wants my love
Nobody needs my love
Nobody wants my love

Yes, you made yourself plain
Yes, you made yourself very plain

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Fio dos dias


«E assim prosseguimos com as nossas vidas, cada um para o seu lado. Por mais profunda e fatal que seja a perda, por mais importante que seja aquilo que a vida nos roubou - arrebatando-o das nossas mãos -, e ainda que nos tenhamos convertido em pessoas completamente diferentes, conservando apenas a mesma fina camada exterior de pele, apesar de tudo isso continuamos a viver as nossas vidas, assim, em silêncio, estendendo as mãos para chegar ao fio dos dias que nos coube em sorte, para logo o deixarmos irremediavelmente para trás. Repetindo muitas vezes, de forma particularmente hábil, o trabalho de todos os dias, deixando na nossa esteira um sentimento de incomensurável vazio.»

Excerto de Sputnik Meu Amor de Haruki Murakami

Take me out tonight

Ainda no rescaldo da viagem nostálgica à música dos The Smiths e Morrissey (e não só...) da passada 6ª feira no Frágil, aqui fica uma das letras mais mais mais.

There is a light and it never goes out

Take me out tonight
Where there’s music and there’s people
And they’re young and alive
Driving in your car
I never never want to go home
Because I haven’t got one
Anymore
Take me out tonight
Because I want to see people and I
Want to see life
Driving in your car
Oh, please don’t drop me home
Because it’s not my home, it’s their
Home, and I’m welcome no more
And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Is such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure - the privilege is mine
Take me out tonight
Take me anywhere, I don’t care
I don’t care, I don’t care
And in the darkened underpass
I thought oh god, my chance has come at last
(but then a strange fear gripped me and I Just couldn’t ask)
Oh, there is a light and it never goes out
There is a light and it never goes out