segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Espelho em negativo

Ontem, motivado por uma vontade (e talvez necessidade) de evasão (…), fui à estante e retirei "As Cidades Invisíveis" do Calvino. Para quem ainda não o leu, aconselho que o faça.

O livro assemelha-se a um conjunto de 55 mini-contos (1-2 páginas) que pretendem, cada um deles, descrever cidades (ideais, oníricas, fantásticas, surreais, perdidas, fascinantes, impossíveis, invisíveis). São relatos feitos por Marco Polo a Kublai Kan (rei dos mongóis) acerca das suas viagens.

No fim de cada descrição, fica a vontade de as conhecer melhor, de passear por elas, de as fotografar, de nos sentarmos numa qualquer esplanada ao fim da tarde… ou então, para que a magia não se acabe, de as olhar apenas de relance para que se não desmoronem…

Aqui fica um excerto:

- Viajas para reviver o teu passado? - era agora a pergunta do Kan, que também podia ser formulada assim:
- Viajas para achar o teu futuro?
E a resposta de Marco Polo:
- O Algures é um espelho em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu, descobrindo o muito que não teve nem terá.


PS: se alguém descobrir a localização de uma delas, por favor diga-me. Já tenho a mochila pronta, com um bloco de notas e um exemplar de “As cidades invisíveis”.

4 comentários:

Abssinto disse...

Tenho mas não li ainda. Parece-me ir beber ao belíssimo "Utopia" do T. Morus, a ti não?

Rui Sousa disse...

não li... é possível... mas acredito na originalidade e propriedade do mesmo. :-)

sharp disse...

E a resposta de Valentim:

- Viajo simplesmente. Aqui, a li, dentro de mim... Viajo em todos os sentidos, onde o passado e o futuro se encontram pois ambos são o seu reflexo. Mesmo que georáficamente a terra não exista, prosseguirei a minha viagem sem fim. Pois por onde eu me aventurar será para sempre meu.
:-)

Rui Sousa disse...

gostei muito do teu comentário Valentim.

também tu me levas nalgumas viagens, sempre interessantes, sempre surpreendentes.

bem-haja!