quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Poderia ser um quadro de Hopper...
A mim evoca-me o universo do meu tão admirado Edward Hopper…
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Infinitamente..........
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
"Desiderata, a junção do bem": banda sonora de um filme que não existe
Os temas/canções evocam algumas emoções e sentimentos em torno do amor: a memória/saudade, a obsessão, a rejeição, a perda, a procura, o uso de corpos-desejos, a entrega, a festa, a sacralidade, a paixão, o perdão. O ouvinte é convidado numa viagem e poderá identificar-se com um tema característico do classicismo – o do herói que desce ao sub-mundo para regressar vencedor no final. Existe a linha condutora de uma viagem das trevas para a luz, sendo o amor o veículo/solução e o tema principal.
Convidou José Peixoto para a guitarra acústica e a Orquestra Nacional do Porto para o resto dos instrumentos, o disco vive muito das vozes de Tanya Tagaq (que gravou com Bjork, por exemplo), Filipa Pais, Natália Casanova (magnífica voz dos extintos e saudosos Diva), José Perdigão e do próprio Francisco Ribeiro.
domingo, 27 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
sábado, 12 de dezembro de 2009
Giselle
"Giselle" enfrenta, assim, a concorrência de outras obras célebres, sendo que a coreografia desta peça, que marca o apogeu da nova estética romântica que agitava o mundo intelectual e artístico de finais do século XIX, é um verdadeiro teste à capacidade técnica e interpretativa dos bailarinos.
Ana Lacerda, que dá, uma vez mais, alma à protagonista, diz que, em cada remontagem, há sempre coisas a descobrir. "Já é a terceira vez que danço 'Giselle' e de cada vez há sempre coisas novas a descobrir, novos desafios que nos são colocados enquanto intérpretes. É engraçado porque cada remontagem acaba por funcionar como se fosse a primeira", explica a bailarina principal da CNB.
Para Ana Lacerda, "não importa há quanto tempo já estamos familiarizados com uma coreografia. Há sempre coisas a aprender".
A coreografia que a CNB leva ao palco do Teatro Camões, onde tem agendados mais sete espectáculos (dias amanhã, domingo e dias 17, 18, 20, 22 e 23 deste mês), tem coreografia do cubano Georges Garcia, segundo o que, em 1841, foi apresentado por Jean Corelli, na Ópera de Paris, onde este bailado estreou.
Ana Lacerda fala da música maravilhosa composta por Adolph Adam (que será interpretada, ao vivo, pela Oquestra Sinfónica Portuguesa, sob direcção de Geoffrey Styles) e da história romântica que Giselle conta. Não obstante já ter dançado várias vezes esta coreografia, a bailarina lembra que este é um "ballet" que sublinha o enorme êxito que a peça conheceu. "Basta ver como ela está, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, integrada no reportório de grande companhias internacionais".
Quando o pano sobe, o cenário remete os espectadores para uma pequena aldeia do Reno, no tempo das vindimas, frente à casa onde mora Giselle. É neste espaço que surge o Duque de Silésia, que se disfarça de aldeão adoptando o nome de Loys e que, deste modo, corteja a jovem, não obstante estar noivo da altiva Batilde. O seu guarda de caça, Hilarion, também apaixonado por Giselle, acaba por descobrir a trama e denuncia o logro.
A história do bailado responde ao gosto da época pelo fantástico, pelo irreal, pelas emoções fortes. Um desafio para quem, em palco, ao longo de mais de duas horas, dá vida a todas estas personagens, dançando em pontas.
A personagem de "Giselle" está entre as preferidas de Ana Lacerda, a par de "Julieta" ou de "A Dama das Camélias". "Ser bailarina é uma profissão tão emocional, tão especial e tão rara que é uma pena que não se dê o devido valor e que muitas vezes não se respeite o nosso trabalho", lamenta .
Ana Lacerda iniciou-se aos cinco anos, tendo passado pela extinta escola de bailado da Companhia Nacional de Bailado, então sedeada no Teatro Nacional de São Carlos. Não obstante ter tido hipótese de fazer carreira no estrangeiro, optou por continuar a dançar em Portugal.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
domingo, 6 de dezembro de 2009
Livros, livros, livros
Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso (E, sem dúvida, sobretudo o verso)
o que pode lançar mundos no mundo. Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura
Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas (Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou o que é muito pior por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:
Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.
sábado, 5 de dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Névoa
Referendos & afins
Quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, mais do que ser a favor de um referendo, sou a favor de vários. Creio que o casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser referendado caso a caso. O Fernando e o Mário querem casar? Pois promova-se uma grande discussão nacional sobre o assunto. A RTP que produza um Prós e Contras com cidadãos de vários quadrantes que se posicionem contra e a favor da união do Fernando e do Mário. Organizem-se debates entre o Mário e os antigos namorados do Fernando, para que o povo português possa ter a certeza de que o Fernando está a fazer a escolha certa. E depois, então sim, que Portugal vá às urnas decidir democraticamente se concede ao Mário a mão do Fernando em casamento. E assim para todos os matrimónios. Se o objectivo é metermo-nos na vida dos outros, façamo-lo com o brio que essa nobre tarefa merece.
Defendo, portanto, uma abordagem especialmente cautelosa desta questão. Sou muito sensível ao argumento segundo o qual, se permitirmos o casamento entre pessoas do mesmo sexo, teremos de legalizar também as uniões dos polígamos. E sou sensível porque, como é evidente, não posso negar que me vou apercebendo da grande movimentação social de reivindicação do direito dos polígamos ao casamento. Parece que já temos entre nós vários muçulmanos, grandes apreciadores da poligamia. E eu não tenho homossexuais na família, nem entre os meus amigos, mas polígamos, muçulmanos ou não, conheço umas boas dezenas. Se toda esta massa poligâmica desata a querer casar, receio que os notários fiquem com as falangetas em carne viva, de tanto redigirem contratos de união civil. Mas, felizmente, confio que os polígamos sejam, também eles, sensíveis à mais elementar lógica: a poligamia é uma relação entre uma pessoa e várias outras de sexo diferente. A reivindicarem a legalização das suas uniões, fá-lo-iam a propósito do casamento entre pessoas de sexo diferente, com o qual têm mais afinidades. A menos que se trate de poligamia entre pessoas do mesmo sexo. Mas, segundo o Presidente do Irão, parece que entre os muçulmanos não há disso."
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
"A minha vida é monótona"; "O que o Dr. Freud diz tanto me faz"; "5% de leitores é quanto basta"
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
"A melhor bailarina de sempre"
Dirigida por Tiago Galvão Teles, a nova publicação terá uma tiragem de 50 mil exemplares, todos os meses, com um preço de capa inicial de 1 euro.
A ideia da revista é "apresentar sempre mulheres com uma carreira, com provas dadas na sua área e com idades acima dos 30 anos", definiu ao DN, Tiago Galvão Teles, rejeitando o cariz de revista para o macho man.
Colaboradores de renome compõem a equipa editorial: Carlos Câmara Leme (livros); Francisco Sá da Bandeira (viagens); João Murillo (pintura); José Braga Gonçalves (Portugal e seus segredos); Raquel Prates (moda); Sofia Sá da Bandeira (crónica livre); Álvaro Mendonça (economia); Eduardo Barroso (futebol e medicina).
No número de estreia, destaque ainda para entrevista ao empresário da moda Tó Romano, entre outras matérias "interessantes".
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Save the date
.
domingo, 22 de novembro de 2009
Direitos dos leitores
2- O Direito de saltar páginas
3- O Direito de não acabar um livro
4- O Direito de reler
5- O Direito de ler não importa o quê
6- O Direito de amar os “heróis” dos romances
7- O Direito de ler não importa onde
8- O Direito de saltar de livro em livro
9- O Direito de ler em voz alta
10- O Direito de não falar do que se leu
sábado, 21 de novembro de 2009
_._._._._
Os últimos escritores a serem trasladados para o Panteão foram André Malraux, em 1996, e Alexandre Dumas, em 2002, ambos por iniciativa do então Presidente, Jacques Chirac.
Daqui a nada é daqui em diante
Nesta foto: Pedro Santiago Cal
A partir da obra "Worstward Ho" de Samuel Beckett.
(...)
Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.
(...)
Álvaro de Campos
Tabacaria [Excerto]
Nortada
Nesta foto: Catarina Câmara
(...)
Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anónima viuvez,
(...)
Fernando Pessoa
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Giselle
...desenha-me uma ovelha...
O livro a publicar pela Casa das Letras reúne um conjunto de textos inéditos de Saint-Exupéry, escritos entre 1925 e 1943: primeiras narrativas (Manon, dançando), prelecções, memórias de infância e da aviação, cartas diversas, fragmentos de Correio do Sul e de Voo Nocturno. Pelo meio, encontramos meditações sobre o que pode conferir sentido à viagem e nos ligar ao lugar de onde vimos. Estes textos ajudam a aproximar-nos da sensibilidade, das dúvidas morais e da obra de Saint-Exupéry.
Índice:
Manon, dançando
O Aviador
Em torno de Correio do Sul
Em tornode Voo Nocturno
Ao fim do dia fui ver o meu avião
O Piloto
Pode-se acreditar nos homens
Se por acaso (me vires por aí)
Se por acaso (me vires por aí)
[dueto com Luanda Cozetti]
Se por acaso me vires por aí
Disfarça, finge não ver
Diz que não pode ser, diz que morri
Num acidente qualquer
Conta o quanto quiseste fazer
Exalta a tua versão
Depois suspira e diz que esquecer
É a tua profissão
E ouve-se ao fundo uma linda canção
De paz e amor
Se por acaso me vires por aí
Vamos tomar um café
Diz qualquer coisa, telefona, enfim
Eu ainda moro na Sé
Encaixotei uns papeis e não sei
Se hei-de deitar tudo fora
Tenho uma série de cartas para ti
Todas de uma tal de Dora
E ouvem-se ao fundo canções tão banais
De paz e amor
Se eu por acaso te vir por aí
Passo sem sequer te ver
Naturalmente que já te esqueci
E tenho mais que fazer
Quero que saibas que cago no amor
Acho que fui sempre assim
Espero que encontres tudo o que quiseres
E vás para longe de mim
E ouve-se ao fundo uma velha canção
De paz e amor
Na sexta-feira acho que te vi
À frente da Brasileira
Era na certa o teu fato azul
E a pasta em tons de madeira
O Tó talvez queira te conhecer
Nunca falei mal de ti
A vida passa e era bom saber
Que estás em forma e feliz
E ouve-se ao fundo uma triste canção
De paz e amor.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
dia nacional do MAR
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
os livros são para ler?!?
vou tentar fazer o mesmo com uns volumes das Selecções do Readers Digest... ;-)
http://photopeach.com/album/16lhk80?ref=est
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
... se calhar, também não
Al Berto in O Anjo Mudo
ed. Assírio & Alvim, Lisboa, 2000
...o longe está sempre onde esteve
(...)
Nada perdeu a poesia. E agora há a mais as máquinas
Com a sua poesia também, e todo o novo gênero de vida
Comercial, mundana, intelectual, sentimental,
Que a era das máquinas veio trazer para as almas.
As viagens agora são tão belas como eram dantes
E um navio será sempre belo, só porque é um navio.
Viajar ainda é viajar e o longe está sempre onde esteve
Em parte nenhuma, graças a Deus!
(...)
Ode Marítima [excerto]
Álvaro de Campos, in "Poemas"
sábado, 7 de novembro de 2009
_____
"E então me invade uma saudade
Dum misterioso passado meu
Em que houvesse tido um outro sentido
Que me falta pra ser, não sei como...EU..."
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Não estamos sós
Para ver hoje à noite no Olga Cadaval em Sintra...
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
domingo, 1 de novembro de 2009
Acerca dos livros mal-amados
É bom apaixonarmo-nos, recebermos tudo quando nos oferecemos. Os livros de que ninguém fala exigem-nos apenas isso: paixão, que sejamos capazes de acreditar, de tentar mais uma vez e sempre.”
José Luís Peixoto, in Time Out, n.º 109
sábado, 31 de outubro de 2009
Chéri de Colette
A ensaiar...
Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento....
Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.
Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento
Este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.
Ary dos Santos
[obrigado à Ana Lacerda pela partilha]
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Nortada
Nortada é um espectáculo sobre as memórias dessa minha terra onde nunca vivi mas que guardo os mais fortes momentos de infância e adolescência.
Tudo nessa terra me é familiar apesar de tanta ser a distância e maior ainda a ausência.
Foi exactamente nesse lugar de confronto entre a incontornável distância e a profunda proximidade afectiva que nasceu, se desenvolveu e construiu esta peça.
Nortada situa-se num lugar invadido de nostalgia, de saudade, de intimidade.
Cada memória feita imagem é carregada de um simbolismo quase inocente como o olhar dessa criança que fui.
O cenário que nos reporta a dois espaços distintos, um exterior e outro interior está ao longo de toda a peça deliberadamente concentrado numa sala de jantar. Nesse local onde invariavelmente a família se junta.
Tudo nasce e se desenvolve a partir de uma refeição para no fim voltar a ela como um círculo sem fuga e aparentemente perfeito apesar de todas as vicissitudes.
Este espectáculo não teria sido possível sem o dedicado trabalho de observação e a capacidade de análise dos meus bailarinos perante uma tão complexo e delicado projecto.
Olga Roriz
29, 30 e 31 às 21h
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
"então, porque não voas?"
A noite passada
A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti, "então porque não voas?"
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste
[...]
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Dança criativa e movimento contemporâneo
Adultos:
Movimento Contemporâneo e improvisação
(Nível Intermédio)
Outubro 7, 14, 21, 28
4ª feira das 20h30/22h30
no estúdio ACCCA (Bairro Alto)
Preço: 35 euros/mês
Aula avulso: 10 euros
Inscrições: anasantosnovo@gmail.com
Movimento Contemporâneo e improvisação
(nível Aberto)
3ª feira das 19h/20h
na Academia DanceSpot (Lumiar)
Informações: http://www.palcoplural.com/
Crianças:
Ateliers Dança criativa
11 Outubro e 15 Novembro
3 - 6 anos das 10h/11h
7 - 10 anos das 11h30/12h30
na Nextart - Espaço Azul
Preço: 10 euros sessão
Informações e inscrições: http://www.next-art.net/
http://www.next-art.net/index.php?p=espaco_azul/actividades/ateliers/danca_criativa
Pais e Filhos
Movimento criativo para pais e filhos
(2 - 4 anos)
na Dance Spot
3ª feira das 18h15/19h
Informações: http://www.palcoplural.com/
Movimento contemporâneo
(8 - 12 anos)
5ª feira das 18h/19h
Informações: http://www.palcoplural.com/
Hoje estou...
... folheando o ar com a boca sem encontrar a página em que se respira
António Lobo Antunes
Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?
sábado, 17 de outubro de 2009
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Four reasons
Coreografia de Edward Clug
Com Ana Lacerda e Fernando Duarte, entre outros.
Para ver até dia 18 de Outubro no Teatro Camões.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
À flor da pele
À Flor da Pele
Coreografia de Rui Lopes Graça
Música Philip Glass
"(...) a dança é indizível.. Se não fosse indizível, era inútil haver dança."
Rui Lopes Graça
A ver, a sentir, a reflectir!!!
Uma palavra: maravilhoso!!!
INÚTIL Revista
Está para muito breve o lançamento da tão aguardada revista INÚTIL Revista.
Onde: Livraria Ler Devagar, LX FACTORY
Hora: Sexta-feira, 23 de Outubro de 2009, 22h
Coordenação editorial: Maria Quintans
Direcção fotográfica e produção: Ana Lacerda
Concepção/direcção de arte: João Concha
INÚTIL pretende ser um terreno onde a experimentação do registo poético passe pelos ângulos, escadas, esquinas, becos e afagos da expressão artística, desconstruída pelas duplas mãos da palavra e da imagem. O inútil desmultiplica-se em processo de pensamento, na conversa desfocada entre a lente do fotógrafo, a curva da estrada, a imagem encurralada no papel da viagem até ao interior da página.
Começa assim a vida de uma espécie Inútil, desintegrada em imaginárias matérias. As piruetas fazemo-las nós, a três dimensões, em traços construídos de margens e desenhando letras suspeitas de deslizes triangulares. No sofá estendemos circularmente a poesia, a prosa poética, o ensaio, o desenho, a fotografia, a colagem, o movimento, costurados em diálogos cúmplices com a linha do conceito temático de cada número. A periodicidade é inútil, ainda que assuma agora a forma quadrimestral.
Pretendemos acordar sem nos lembrarmos dos sonhos. Crescer em plataformas de rasgões de luz, como o lado contrário do útil, que se perde sempre em registos demasiado fáceis de conceitos literários esvaídos. Rascunha-se o tema como corpo começado e inutilmente deixado ao relento para que se descole a pele e se rasguem os princípios do preto e branco geométrico da arte transformada na coisa inútil que será sempre. INÚTIL é um ensaio onde a ilusão pode ser sempre o vibrato do olhar.
Agora, fechemos os olhos e comecemos a ilustrar a porta de um dos mortais pecados assinados por aqui. Que seja a ira a pulsação INÚTIL do primeiro número.
Foi em Novembro que partiste…
terça-feira, 13 de outubro de 2009
terça-feira, 6 de outubro de 2009
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Sim, a melancolia está presente na nossa música.
De relembrar que o mais recente álbum (Declaration of Dependence) foi editado no passado dia 2 e que se esperam os seguintes concertos:
2 de Novembro: Theatro Circo, Braga.
4 de Novembro: Coliseu dos Recreios, Lisboa.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Lisboa em diários
São vários os blogs que circundam o universo da fotografia, designadamente a área de streetwear.
Hoje deixo aqui o meu reconhecimento especial por um blog cujo âmbito extravasa largamente o conceito de streetwear. Aparentemente, as fotos publicadas servem apenas a vontade do Artur Lourenço num determinado momento, não obedecendo a nenhum conceito rígido. Depende de onde está e do que lhe chama a atenção.
Tanto podemos encontrar fotos da sombra projectada por uma cadeira, como o azul do céu, ou a foto da rapariga que antes de sair de casa ousou calçar “aqueles” sapatos, ou até mesmo de algumas caras mais ou menos conhecidas da praça (na minha opinião, estão são as fotos menos interessantes do blog e que lhe retiram algum romantismo e misticismo... muito mais interessantes as fotos do sr. da pastelaria ou da retrosaria…).
Aqui ficam algumas fotos que fazem parte do Diário de Lisboa. A visitar diariamente!
Sonho de uma noite de Verão
«Abre-se o pano e os holofotes iluminam a imagem longilínea de bailarina. Por detrás da figura delicada, quase etérea, de Ana Lacerda, vemos uma mulher tenaz, persistente e muito exigente consigo própria. O turbilhão de emoções que irradia dos seus olhos amendoados traduz-se mais facilmente em movimentos. E é o que leva para o palco como valor acrescentado a uma técnica mais que apurada...»
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Os meus livros
terça-feira, 29 de setembro de 2009
CNB: a viagem continua...
Uma óptima oportunidade para ver ou rever (será o meu caso, lá estarei!!!) um magnífico conjunto de 3 peças…
Eis o programa:
À FLOR DA PELE
procuro um rasto de ti.
à flor da pele tropeço nos passos cansados.
à flor da pele trémulo e exausto
tapo todos os poros.
à flor da pele amordaço a esperança.
à flor da pele nado no suor derramado
lamento, encolho e sorvo a fraqueza.
à flor da pele conspiram lugares e olhares
mostro-me nu, estrangulo e mordo a inocência da carne.
mato!
à flor da pele, quebro e morro mais um pouco.
à flor da pele, procuro um rasto de ti.
(Rui Lopes Graça)
CONCERTO
Concerto, construído a partir de uma peça para cravo de J. S. Bach, é um bailado coreografado para três bailarinos e uma bailarina, em torno de uma mesa imponente, único ponto fixo como vórtice das dinâmicas e das tensões dos corpos.
A complexa relação das personagens resulta obviamente da variedade dos tempi de Bach: ora implacáveis e rápidos ora lentos e dilatados, numa explosiva mistura de aceleração de energia com lacerantes encontros passionais.
(Marco Cantalupo)
STROKES THROUGH THE TAIL
O misterioso título desta coreografia deve-se ao facto de Marguerite Donlon ter lido, num prefácio numa das edições da Sinfonia nº 40 em sol menor KV 550 para piano de Mozart, que este compositor imprimia traços (strokes), com a sua pena, sobre as notas musicais da partitura manuscrita, para indicar a forma particular de as interpretar. Esses traços cruzavam, em alguns pontos, as hastes (tails) da oitava e décima sexta notas.
A palavra tail em inglês refere-se igualmente à parte de trás de uma casaca (tailcoat) que nesta coreografia assume um papel da maior importância.
Munindo-se de casaca e tutu, Marguerite Donlon demonstra o modo como facilmente ligamos objectos indefesos com o conceito tipicamente masculino ou tipicamente feminino. Ou melhor, como rapidamente apreendemos um objecto como inadequado quando utilizado fora do seu contexto habitual.
Contudo, Strokes Through The Tail demonstra-nos que um homem em tronco nu, vestindo um tutu, pode tornar-se não só verdadeiramente cómico, como também marcadamente sensual. O mesmo se aplica no caso da mulher vestida de casaca. Marguerite Donlon (…) a destemida coreógrafa irlandesa está a romper as barreiras que dividem a dança e o cidadão comum. O seu trabalho afasta-se de qualquer ideologia artística e é incapaz de se tornar fastidioso. Lançando uma ponte entre clássico e cómico, avant-garde e o teatro de fantoches, é de tal modo divertido que os entusiastas desta bailarina, outrora pertencente à Companhia de Peter Schaufuss e à Ópera de Berlim, acusam-na de fazer as suas obras demasiado pequenas.
(Arnd Wesemann)